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HQ do Dia | Star Trek e Lanterna Verde – Saga Completa

O último verão americano foi marcado pela inusitada colaboração entre a IDW e a DC Comics para produzir um crossover histórico entre duas de suas maiores franquias: Star Trek e Lanterna Verde.

Star Trek e Lanterna Verde” que tem o subtítulo de “Spectrum War” (Guerra do Espectro) foi uma série limitada em seis edições publicada de julho a dezembro de 2015, escrita por Mike Johnson, roteirista do título “Star Trek” da IDW que além disso também trabalhou em “Earth-2: Worlds End” e “Supergirl” para a DC Comics. As ilustrações ficaram a cargo de Angel Hernandez, que é o desenhista recorrente nos gibis de Star Trek no momento.

Em “Star Trek e Lanterna Verde“, universos colidem quando o Guardião Ganthet de uma Terra não especificada da DC Comics utiliza o recurso chamado “A última luz” – um artifício usado pelos Guardiões do Universo em caso de “merdalhau” extremo e que transporta todos os portadores de anéis sobreviventes para outro universo. O Universo DC, no caso, foi totalmente devastado pelo vilão Nekron e Ganthet transporta alguns anéis e sobreviventes para o universo de Star Trek. Enquanto isso, a tripulação da Enterprise está tranquilamente cumprindo sua missão de exploração do Universo quando se depara com um planeta morto no qual há um cadáver de um anãozinho e alguns misteriosos anéis coloridos. Daí para frente o Senhor Scottie, ao energizar os anéis de poder usando uma descarga de táquions, causa o início do crossover entre as duas franquias.Star Trek e Lanterna Verde

A premissa que se desenvolve nas seis partes do arco é muito simples de acompanhar mesmo para os não familiarizados com a recente mitologia dos Lanternas. Mike Johnson faz um ótimo trabalho deixando tudo muito digerível para qualquer tipo de leitor sem tornar a história enfadonha para os fãs da franquia. As interações entre os personagens dos dois universos são muito interessantes e bem feitas na medida do possível. Afinal estamos falando de um elenco imenso e seria inviável cenas longas de bate papo entre todo mundo aqui. O que vemos muitas vezes e marca a leitura são as reflexões e paralelos entre James T. Kirk e Hal Jordan. Este último com seu habitual pedantismo exacerbado enquanto Kirk algumas vezes tem de mostrar quem de fato manda nesse galinheiro espacial. Spock, Sulu, Uhura, McCoy e o já mencionado Scottie são caracterizados com maestria nos diálogos (afinal Johnson é o roteirista do gibi de Star Trek). Em momento algum o escopo desta verdadeira guerra cósmica dos espectros do anel e a presença de muitos Lanternas ofusca a tripulação da Enterprise.

Todos tem seu momento e a nave é o núcleo central de toda a história. Mike Johnson no entanto não inova nem um pouco na estrutura básica do roteiro. O autor ecoa uma porção de referências já utilizadas por Geoff Johns em sua longa passagem pelo Lanterna. Isso se reflete principalmente no final da história, que apesar de dar muito crédito para a sagacidade de James Kirk em encontrar uma solução, é bem óbvio.

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Se levarmos em consideração a quantidade de personagens mostrados, o escopo da história e o uso de referências visuais baseadas nos filmes de JJ Abrams, a arte de Angel Hernandez nesta série é impecável. O sujeito tem a Enterprise inteira na mão e mescla perfeitamente personagens icônicos como Sinestro, Atrocitus e até o improvável Saint Walker com o elenco de Star Trek. O visual de página e fluxo de quadros em cada uma destas edições é limpíssimo, fluído, os construtos são inteligíveis. Caracterização do elenco é soberba e a apresentação geral das cenas de ação é cinematográfica. Temos um visual clássico de gibi de super herói aplicado perfeitamente a um roteiro bem movimentado com uma consistência enorme durante todo o arco. Hernandez não tem aquele tipo de arte característica que vai marcar a tua vida para sempre, mas seu trabalho nesta série é impecável e totalmente funcional.

Consistência define “Star Trek e Lanterna Verde“. Durante as seis edições do crossover não há nada que caracterize esta história como um marco na bibliografia destas franquias. Mike Johnson não inova, joga no fácil e muitas vezes utiliza conceitos que já funcionaram em gibis de Lanterna Verde. O mérito do roteiro de Johnson é conseguir mesclar a mitologia dos Lanternas ao contexto de Star Trek e fazer os dois elencos e universos interagirem de forma coerente e divertida. Com diálogos muito bem sacados e um ritmo acelerado além de uma arte que é impecável, este crossover é uma leitura casual que vale a pena mesmo que você não seja tão fã destas franquias.


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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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