Você ficou desconcertado, sem rumo, órfão de pai e mãe com o gancho dramático deixado por Jonathan Hickman em Guerras Secretas #4, confessa vai! Bom, embasbacado ou não com certeza o interesse na saga protagonizada pelo deus Destino aumentou bastante com os acontecimentos da última edição. A história esta semana chega a sua segunda metade e aqui vemos as repercussões das mortes trágicas que seguiram o primeiro confronto entre o soberano do Mundo de Batalha e os “náufragos” multiversais das Terras 616 e 1610. O roteirista aproveita o clima pesado do início da edição e revela mais um capítulo secreto da aurora deste novo universo Marvel. Capítulo este no qual Owen Reece, o Homem Molecular, tem participação crucial. Mas não é só isso: Há algo muito podre no reino de Destino, a jovem Valeria Richards sabe disso e, com a ajuda de uma Fundação Futuro um pouco diferente do que conhecemos, vai tentar descobrir o que seu “deus” está escondendo.
O roteiro de Guerras Secretas caminha de uma forma tão natural que fica até difícil saborear as páginas sem se dar conta de repente de que a edição chegou a seu fim. Nesta edição especificamente Hickman resume de maneira prática e sucinta toda a trama desenvolvida por meses em sua passagem por New Avengers para Destino, Stephen Strange e Owen Reece. Então, se você estava boiando com algumas referências àqueles acontecimentos, fica tudo bem explicadinho desde a criação do Multiverso Marvel pelos seres conhecidos como Beyonders, passando pela formação do clã dos Cisnes Negros até chegarmos ao momento que marca o início deste Mundo de Batalha. E como a saga não vive só de flashback ainda temos a brilhante Valeria mostrando porque é filha de quem é filha e ainda damos uma passada rápida pelos quatro cantos deste mundo para ver o que aconteceu com os refugiados das Terras 616 e 1610 após o verdadeiro “couro” que levaram na edição passada.
O destaque do argumento nesta edição, no entanto não poderia ser outro que não fosse o diálogo entre Reece e Victor Von Doom. A loucura e descaso de um se choca com a amargura e o peso da responsabilidade do outro e essa mistura acaba sendo um quitute saboroso para o leitor mais atento a estas passagens. Destino poucas vezes foi escrito com tanta humanidade em sua carreira e esta interação com outro personagem que pagou um alto preço pela formação deste universo só acentua esta característica do ex-monarca da Latveria. Bem diferente de sagas anteriores, Hickman aqui equilibra bem a grandiosidade do escopo de sua proposta com passagens mais íntimas mostrando um amadurecimento gigante como roteirista de grandes eventos em quadrinhos.
A arte de Esad Ribic continua extremamente uniforme, imponente e absolutamente impecável. A revista tem cara de “evento grande ” e clama por um encadernado fodão em um futuro próximo. Então, quem vem curtindo o trabalho do ilustrador com seus quadros semi-aquarelados épicos, sua caracterização com uma pegada mais fotográfica renascentista e aquelas expressões faciais bem dramáticas não tem o que reclamar. A criação do Universo Marvel é de um branco cegante com matizes claras que vão se tornando concretas. As cenas curtas com os refugiados das outras Terras são belíssimas e muito tensas e a apresentação do Homem Molecular é digna de seu papel nesta história. Novamente temos um desbunde visual em forma de quadrinhos e umas das sagas mais bem desenhadas na Marvel nos últimos anos.
Guerras Secretas #5 não vai superar a edição anterior em termos de “PUTAQUIOPARIU! QUE PORRA ACONTECEU ALI?!?!?!” E esta nem é a intenção desta edição. Hickman aqui dá uma leve freada para explicar mais um pouco sobre este Mundo de Batalha, introduzir uma peça importantíssima neste quebra-cabeças na forma do Homem-Molecular, e coloca as “rodas” para girar novamente através da improvável Valeria Richards. Com um ritmo narrativo envolvente, diálogos com uma pegada humanista muito forte e uma arte de cair o cú da bunda Guerras Secretas #5 mantém o altíssimo nível e em nada se parece com as atabalhoadas últimas sagas no Universo Marvel. Uma leitura de alto nível que exalta o trabalho deste roteirista nos Vingadores nos últimos anos ao mesmo tempo em que naturalmente empolga os fãs da Casa da ideias.
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