Zeenix | Sonho, desrespeito e frustração
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Zeenix | Sonho, desrespeito e frustração

Uma reflexão sobre o primeiro portátil com hardware “brasileiro” que tinha tudo pra movimentar a comunidade gamer e acabou flopando!

Toda vez que eu vejo alguém se referir à comunidade gamer comercialmente falando, sempre se fala de um público muito exigente. Qualquer reunião que se participe, seja pra criar conteúdo ou pra vender alguma coisa pra comunidade, essa frase vai ser dita em algum momento. Não tenho dúvidas de que com Zeenyx tenha rolado isso.

Pelo menos foi o que o então Head (o indivíduo que ocupa o cargo mais alto do setor) de Marketing, Pedro Caxa, deu a entender em suas declarações. Até mesmo na sua participação ao lado do desenvolvedor Elias Lopes, no Flow Games, apresentado pelo Davy Jones e Bruno Micali, transmitido no dia 18 de março, ficou muito claro que havia a intenção de ter esse cuidado com a galera. 

Não só isso, foi esclarecido uma série de outras coisas também. Eu vou deixar ele disponível aqui, e se você quiser ver na íntegra é só dar play no vídeo abaixo. 

O ínicio

Falando em vídeo, eu vi a maioria. Desde o anúncio em julho do ano passado até agora, tudo que saía sobre o PC portátil da Tec Toy eu assisti. Não estou aqui pra bater no Zeenyx ou na Tec Toy, mas pra tentar gerar alguma reflexão sobre como a gente (me incluindo também) se comporta diante de produtos e ações de lançamento como esse. 

A promessa desde quando o projeto foi anunciado, era também de tentar trazer um novo prestígio para uma empresa que foi sinônimo disso no passado. Se você pegar o que foi a Tec Toy no final dos anos 1980 até começo dos anos 2000, era um arregaço só. Coisa de outro mundo. Era a empresa que fazia os olhos de crianças a adultos brilharem, e não tinha como ser diferente, afinal de contas, ela concorria com quem naquela época? Gradiente? Tinha outras que batiam de frente vendendo videogames? Não lembro. 

Era uma época diferente, claro, com um mercado diferente e que jamais vai ser igual ao que se é hoje. Então é praticamente impossível a Tec Toy ter esse “prestígio”, mas poderia ser um caminho. Sei que ela carrega o respeito daqueles que ainda tem uma memória afetiva, que se identifica com ela foi e faz questão de ter um produto dela. Mas os gamers, os fãs mais nostálgicos (que em sua maioria são gamers ou se não se identificam com esse termo, ainda jogam videogame) e os demais não fariam um verão tão quente assim.

A frustração

Zeenix | Sonho, desrespeito e frustração

Ficar frustrado por isso é algo genuíno, mas não tinha como entregar algo que ela nunca mais vai ser. Quando eu digo nunca mais, é nunca mais mesmo! E isso ficou nítido pela falta de transparência nas comunicações, por parecer que estavam tentando enganar o cliente, pelo preço sugerido na venda de um produto defasado, pela estratégia de marketing ineficiente e por como a equipe se comportou quando foi confrontada por quem movimenta a comunidade. E aqui eu nem vou entrar na comunidade, mas foi um comportamento muito triste de se ver e além do que se é esperado.

O público gamer que é tão exigente não gostou (com toda razão) e resolveu atacar. E aqui mora o problema pra mim. Bateram muito na Tec Toy, aliás eu nunca vi nada parecido se tratando de um produto. Do anúncio, ao lançamento da pré-venda, e à chegada dos primeiros portáteis nas mãos dos consumidores, sempre tinha um vídeo de alguém indignado publicado no YouTube. De canais mais famosos aos mais inofensivos, teve um vídeo batendo na “coitada”. 

Seis meses após o anúncio do primeiro portátil com “hardware brasileiro”, o projeto Zeenix amarga uma derrota que talvez seja derradeira. A equipe e os desenvolvedores saíram, a Tec Toy que hoje é controlada por uma empresa em que seu carro chefe são soluções e automações para pagamentos e maquininhas de cartão, não demonstrou estar preocupada com o que pensa ou acha esse público tão exigente e a chuva vai passar, o sol vai nascer de novo e já já ninguém mais se importa com isso.

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O sonho acabou

E aí, toda essa malhação serviu de quê? Pra mostrar o quanto temos o poder de ficarmos indignado? Ou foi justamente esse barulho que fez o produto flopar? Será que se o Zeenix fosse lançado por outra empresa brasileira teria todo esse reboliço? Ou foi a forma como a Tec Toy conduziu tudo que nos levou pra esse desfecho?

Independentemente das questões que levantei, o sonho de ter um produto razoável morreu. Isso por estarmos ainda somente com a versão lite no mercado e talvez versão completa nunca veja a luz do sol. Diante de tudo isso, sobrou muita frustração e falta de respeito, não só pela comunidade, mas pelas pessoas e profissionais que se dedicaram no projeto e foram descartadas no lixo comum.

Ainda é importante dizer que o público gamer pode ser exigente, mas não aceita qualquer coisa. Também não adianta esperar algo de uma empresa movido à nostalgia ou à memória afetiva. Vale pra qualquer uma. Nunca é sobre paixão, é e sempre será sobre o capital. E bora dar palco, atenção e dinheiro para empresas que tentam de alguma forma tratar seu público alvo com transparência e respeito. 

Pense nisso!

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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