O game indie dessa semana é uma série de provas espetaculares sobre como a porção independente da indústria reúne as principais mentes criativas e provavelmente os/as profissionais mais dedicados/as do meio.
Já de cara The Binding of Isaac prova que ser simples não significa ser simplista ou redutivo: o game, desenvolvido pela empresa indie Nicalis, pega a base de muita coisa que grande parte dos jogadores e das jogadoras estão acostumados/as e reverte o conceito em algo no mínimo interessante.
Binding of Isaac é, além de um jogo rogue-like, um shooter e um dungeon crawler com gameplay bastante peculiar. Controlamos um personagem principal que dispara lágrimas (pois é), adquire power ups hilários (e sombrios), e tem de enfrentar inimigos e chefes de nível dentro do calabouço (na verdade o porão de sua casa) enquanto vai cada vez mais fundo na estrutura física.
O game em si é cheio de referências jocosas a filmes de terror dos anos 80 e 90, além de alguns easter eggs a ícones do ocultismo e do satanismo moderno, fora citações comicamente distorcidas da mitologia cristã.
Os níveis do calabouço são divididos por grandes “quadrados” gerados aleatoriamente, dentro dos quais podemos encontrar itens (bons ou ruins), inimigos, obstáculos, armadilhas e minibosses – até que, finalmente, chegamos à porta do chefe do nível. Cada vez que derrotamos um boss, um alçapão ao nível interior é aberto, e por ele ganhamos acesso – uma espécie de aprofundamento nos níveis do inferno um a um.
As criaturas são misturas de pragas bíblicas e domésticas, além de seres humanos deformados que cospem/vomitam/explodem em sangue ou cocô (juro!) ou algum líquido venenoso.
O game se constrói numa espécie de humor negro “leve”, e carrega muito disso nos gráficos e no design dos personagens, inimigos e níveis, com um ar cartunesco “bonitinho”.
Os sons são muito bons, apesar do pacote ser ligeiramente limitado (nada que estrague a experiência de jogo), e a trilha sonora, apesar de não ser brilhante, cabe muito bem ao jogo – não consigo imaginar outro pano de fundo. Os controles respondem muitíssimo bem, seja no teclado (setas direcionais disparam, WASD movem; Espaço, Q e E servem para o uso de itens) ou no gamepad (seguindo uma lógica semelhante, sendo de fácil configuração e customização).
A história se inicia quando a mãe de Isaac recebe uma espécie de mensagem do além que lhe ordena o sacrifício de seu filho, que foge para o porão da casa e acaba caindo e níveis mais profundos e inferiores, encontrando criaturas e situações cada vez mais absurdas.
The Binding of Isaac possui uma espécie de “atualização”, com maior abrangência dentro do que propõe e gráficos um pouco diferentes, The Binding of Isaac: Rebirth. O game “original”, apenas The Binding of Isaac, possui apenas um DLC, Wrath of the Lamb, enquanto a edição ampliada e melhorada possui um DLC recenetemente lançado, Afterbirth, que aumenta e diversifica os inimigos, itens e power ups possíveis
O jogo é bastante difícil e trabalha no sistema de escolhas e sacrifícios em relação aos power ups (não se pode ter tudo ao mesmo tempo), além de funcionar em permadeath, ou seja: morreu, tem de começar da estaca zero.
O jogo consegue ficar no limite ideal do que se repete; é um game bastante viciante e apesar da mecânica ser repetitiva, o jogo em si não provoca sensação de cansaço.
Disponível para PC e nas principais plataformas, The Binding of Isaac (incluindo a versão Rebirth e os respectivos DLCs) é o (imperdível) game indie da semana.
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