Desenvolvido e publicado pela Panic Art Studios, o divertidíssimo e bem feito Hero Siege proporciona entretenimento através de uma mistura de ação em hack ‘ n slash e RPG. Com gráficos retrô e composto por bits, o jogo indie tem um charme bem peculiar, apresentando o cenário a partir de uma visão de cima com relativa profundidade, trazendo heróis, criaturas e locações modeladas em um 2D bem caprichado.
A arte, feita através do conceito do simples, porém bem feito, presenteia o jogador com cenários detalhados com folhas que se mexem, efeitos de iluminação, sombra e movimento, com personagens muito bem modelados e coloridos – sem que haja incômodo visual.
Outro ponto forte do game é o som. Desde a dublagem dos heróis, com variedade considerável de frases (que raramente se repete) e bastante dedicação, até os sons ambientes e de ação, que seguem o caminho da estilização gráfica, dando uma espécie de efeito “tosco” proposital – parte da sonoplastia foi feita com a boca (!). Apesar de não ser um destaque, a trilha sonora é boa. Não enjoa, e apresenta algumas variações, temas diferentes e até mesmo um ar épico, mas não chama atenção, nem apresenta grandes mudanças – a única observação a ser feita é que em vários momentos referencia trilhas dos RPGs clássicos.
O enredo é bem simples, provando que nem todo bom jogo precisa de uma história complexa: Nas profundezas de Tarethiel, um grupo de monges descuidadamente (será?) uniu as quatro partes do talismã de enxofre, despertando demônios e outras criaturas monstruosas, que agora estão invadindo o reino. O papel do jogador é simples: o do herói que irá repelir as forças do mal (e tendo o objetivo direto do game, não há necessidade de um enredo tão prolongado).
As criaturas “básicas” são bem variadas, trazendo ainda pontos fortes e fracos, além de que algumas trazem habilidades ou defesas especiais (geradas aleatoriamente). A cada cenário há um “pacote” novo de criaturas, aumentando a variedade dos inimigos no game.
O terreno é um gigante campo de batalha em formato de quadrado, e é gerado aleatoriamente com diversos e detalhados elementos de paisagens, com árvores, pedregulhos, estátuas, ruínas, vasos quebráveis, moitas destrutíveis contendo moedas e itens (referência ao clássico Zelda) e uma porção de armadilhas (algumas fatais ao contato), além de uma série de construções e acessos que surgem ao decorrer do gameplay.
O game, como dito anteriormente, é um hack’n slash simplificado. Seus controles são simples, mas podem gerar certo estranhamento ao primeiro contato – mas funcionam muito bem, respondendo aos comandos do jogador (seja no teclado ou no gamepad).
Os controles são WASD como “plataforma”de movimentação, as setas direcionais para atacar, F para coletar um item, R para consumir uma poção, E para utilizar uma habilidade especial, e os numéricos de 1 a 4 para as habilidades do personagem – sendo que cada classe/herói, possui uma árvore de habilidades passivas e ativas própria.
Ao morrer, o personagem começa do zero no cenário inicial, mas seu nível e suas habilidades são conservadas, o que, apesar de tornar o game desafiador, mantém uma espécie de “justiça” por tempo, estratégia e esforço.
O game possui três modos: Singleplayer; Co-op local de até dois jogadores, um no teclado e o outro no gamepad (controles me foram mais confortáveis no teclado); e finalmente um multiplayer impressionante que está sob implementação.
Existem, no total, 9 classes, cada uma com seus pontos positivos e negativos de acordo com o gameplay, mas todas extremamente balanceadas. Elas são: Viking, Pyromancer (mago de fogo), Marksman (arqueiro/caçador), Nomad (uma espécie de guerreiro/assassino persa), Redneck (um caipira com uma motosserra – sério), Pirata (uma pirata que usa duas pistolas), Necromancer, Samurai e Fallen Paladin (paladino clássico, mas voltado ao “lado negro da força”).
Você recebe premiações aleatórias ao eliminar os bosses, que podem ir de itens que variam o status do personagem, relíquias especiais, equipamentos, alguma arma ou joia que lhe garanta um ataque de habilidade especial, até vários baús cheios de chaves, moedas e/ou poções. As poções são um caso à parte: elas têm efeito aleatório que não pode ser previsto pela cor ou tamanho. Pode funcionar tanto positiva quanto negativamente, garantindo aumento ou redução de status, cura ou até mesmo envenenamento temporário.
O sucesso in game depende da atenção à ação na tela e como realizar manobras certas da maneira correta, além de escolher a melhor distribuição de pontos e habilidades.
Os níveis funcionam em sistema de horda: waves com grupos de inimigos de tamanho pequeno a médio vem em sua direção e o turno só se encerra quando você elimina todas as ondas – o detalhe é que algumas das criaturas já estarão presentes no cenário, independente da invasão das hordas.
Ademais, o jogo ainda possui uma série de dungeons e criptas a serem liberadas e exploradas durante o gameplay de cada ambiente. Existem ainda shrines (ou santuários) divididos Sagradas e Profanas. A primeira garantindo cura ou algum buff, e a segunda traz uma questão de sorte: você pode ou não ganhar benefícios. O problema é que existe a chance de receber envenenamentos, redução de status, e até mesmo um golpe fatal.
Além disso, existe um sistema de cristais, que são obtidos durante o gameplay, que possibilitam a compra de um minion (podendo ser um arqueiro ou um guerreiro), renomeação do personagem e reset das skills e pontos de status
Apesar de estar em uma versão “finalizada” e sem nenhum tipo de bug ou crash, o jogo está sob constante polimento e melhora, seja no rebalanceamento dos personagens, na inclusão de mais níveis, elementos gráficos e até novos inimigos. Uma das últimas atualizações trouxe um curioso sistema de side missions, que possibilita o ganho de experiência, dinheiro e com um pouco de sorte, bons itens ou poções.
Além disso tudo, o game possui dois DLCS, The Karp of Doom e o The Dephts of Hell, que complementam a experiência de uma maneira bem legal, inclusive liberando alguns dos personagens não disponíveis na versão “normal”
Depois de jogar bastante, me deparei com dois pontos negativos: o que pode afastar alguns jogadores é a repetitividade, já que as variações no gameplay e no funcionamento do game são mínimas. E o outro é que o game não possui legendas nem tradução – o que pode afastar qualquer um que não tenha um mínimo conhecimento do inglês .
Disponível para mobile (numa versão bem mais fraca) e para PC, Hero Siege foi o meu escolhido para estrear o Game Indie da Semana. É um jogo divertido e que entrega tudo o que promete muito bem. Versões para consoles ainda não foram confirmadas, mas dado o interesse dos jogadores, é bem possível que elas já estejam em desenvolvimento.
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