Eu começo este artigo dizendo que a profissão escolhida por Clark Kent (Super-Homem) foi o jornalismo. Sua prima, Kara Danvers (Supergirl), também escolheu o jornalismo. Tintim, Peter Parker (Homem), Edward Brock (Venom), Iris West e tantos outros personagens que norteiam os quadrinhos ou seriados de super-heróis na televisão também escolheram essa profissão.
O jornalismo sempre esteve próximo dos super-heróis ou de quem esteve próximo deles, como é o caso de Ben Urich, um dos grandes amigos do Demolidor, por exemplo.
Para Clark ou Kara estar no jornalismo era estar mais perto dos acontecimentos, e estar mais perto deles significava uma chance maior de salvar o dia de alguém. Seja na redação do Planeta ou do Clarim Diário, estar em uma delas era poder agir antes que o mundo soubesse de uma tragédia, catástrofe, casos de corrupção, assaltos a banco etc.

Estou falando tudo isso fortalecer a importância da profissão para a sociedade e não é só nos dias atuais na qual ela é tratada como inimiga.
Por qual motivo o maior e mais forte homem do mundo escolheu ser jornalista? Por qual motivo uma das mulheres mais fortes do planeta escolheu ser jornalista? A resposta pode até parecer romântica dependendo do ponto do seu ponto de vista, mas pode ser respondida pela vontade de mudar o mundo.
E quando eu transposto isso pra hoje, e principalmente para o jornalismo nerd/geek praticado no País, vejo que a maioria não está tão preocupada em fazer o leitor refletir sobre os arquétipos e mensagens demonstradas nos produtos que eu e muitos outros apaixonados por cultura pop consomem.
É muito triste ver que alguém que assistiu à “The Boys” ou “Watchmen”, e não entendeu nada além das porradas ou dos combates que um ou outro grupo encenam nos episódios. É pior ainda quando vejo leitores ou telespectadores de X-Men propagando preconceito, pior ainda, seria trazer o exemplo do escoteirão azul para um campo da dialética, do discurso e da política.
O que eu quero mostrar aqui é diferente, é a forma como o profissional de jornalismo desse seguimento acha qual é o seu papel perante a sua audiência.

O jornalismo nerd vive de reprodução dos principais veículos do seguimento da gringa. O Omelete é o principal veículo do meio, todos os outros, assim como este veículo, pegam as migalhas do que sobra dessa potência pra tentar entreter sua audiência. Não dá pra competir. E eu sei que muitos não querem isso.
O meu papel e daqueles que têm site ou canal de conteúdo nerd/geek, precisa entender que temos que ir além da notícia. Precisamos mostrar o que há por trás do comportamento dos personagens que tanto amamos, e de transportar o que eles representam em tela para a nossa realidade.
Isso quer dizer que vamos deixar de informar? Não. Quer dizer que o limite não pode ser este.
Garanto que se cada produtor de conteúdo se preocupar um pouco mais com a parte educativa da coisa, a comunidade vai passar a ser menos tóxica. Não dá mais para reproduzirmos somente o que vem de fora, é preciso traduzir com nosso olhar aquilo que eles tentam nos mostrar a todo momento na telinha ou telona.
Reproduzir uma notícia é fácil, fazer sua audiência refletir é um desafio. Aceite o desafio e vamos construir uma comunidade melhor.

Clark Kent não escolheu o jornalismo atoa e Kara Danvers também não. Eu e você que produz conteúdo também não. Podemos salvar o dia de alguém e a profissão também.
Acabo de iniciar na faculdade de jornalismo e encontro este artigo por acaso.
Que texto foda man!! Me inspirei de mais, muito obrigado por isso.