El Cid - 2º temporada | Urraca leva a série nas costas e salva sequência

Enquanto na 1º temporada de “El Cid” explorava os anos de juventude de Ruy, mostrando como um fiel vassalo se tornava cavaleiro e herói para a coroa, a 2º temporada tira o foco do herói e mostra que intriga e poder andam lado a lado.

Após a morte do rei, Sancho (Francisco Ortiz II), Alfonso (Jaime Olías) e Garcia (Nicolás Illoro) começam uma disputa de egos e batalham pelas terras da Espanha. Urraca (Alicia Sanz) que também é da família e foi esquecida por seu pai na hora em que ele escreveu o testamento, passa a articular com Alfonso para garantir que suas ambições sejam ouvidas. O rei de Leão consagra a irmã como conselheira do reino e a partir daí, ela mostra a que veio e que o segundo ano de “El Cid” poderia ser um desastre se não fosse ela.

Enquanto Ruy (Jame Lorente) está cheio de caras e bocas mostrando que é um guerreiro que merece todas as cantigas de herói, sofre pra ser justo com seus princípios. Tudo aquilo que foi enaltecido e que o transformou em cavaleiro, parece não ter o mesmo valor quando ele se vê obrigado a tomar decisões para provar sua lealdade a Sancho.

Este, por sua vez, se vê tomado de ódio e sedento por sangue e poder. Nem mesmos os laços familiares serão fortes o bastante para convencê-lo de que dá pra conviver cada um com seu espaço. “El Cid” vai lembrar bem as tretas de “Game of Thrones”, poder pelo poder, a cegueira tomando conta e o termo justiça passa a ter vários significados.

“El Cid” enrola demais para entregar ao espectador cenas memoráveis (algo muito diferente da 1º temporada). A necessidade de alongar os diálogos para se fazer entendida, atrapalhou a dinâmica dos acontecimentos e exigiu um pouco mais de concentração da gente. Ruy aqui não é grande, é apenas mais um peão no tabuleiro de Urraca. A personagem que nem chamou tanta atenção na primeira temporada, revela ser uma verdadeira rainha, não dos reinos espanhóis, mas do xadrez que o Prime Video resolveu jogar.

Urraca faz você sentir raiva do lerdão do Alfonso e mais raiva ainda do burro e cego do Sancho. Se o olhar partir para os feitos de Ruy, este não é tão épico quanto prometeu em seu primeiro ano. O campeador curtiu ser o fodão e acha que seu talento está acima de tudo, se tornando apenas um nome em meio a tantos outros personagens da história. Sua vingança poderá ser justa em uma nova temporada, mas nesta ele perdeu o posto de protagonista.

“El Cid” ainda vale a pena ser assistido. Eu sei que uma série como esta não é feita apenas de momentos de ação e de grandes batalhas medievais, por isso afirmo que é importante dar continuidade. A terceira temporada poderá ser menos arrastada e Ruy talvez deixe os carões para quando for realmente necessário.

A 2º temporada de “El Cid” já está disponível no Prime Video.