DOM | O que você faria se você fosse um policial e seu filho estivesse na vida do crime?

O audiovisual brasileiro sempre soube contar boas histórias. Tanto é que há várias novelas e algumas séries premiadas internacionalmente. Isso é fato, apesar de muita gente não concordar. Mas a safra atual está ainda melhor e o resultado são séries como “DOM”, original do Prime Video.

Na história, Pedro Dom e seu pai, Victor Dantas, escolheram lados opostos em suas trajetórias. O filho acaba escolhendo a vida do crime, enquanto o pai que faz parte do serviço de inteligência da polícia especializada em narcóticos.

Pedro é um jovem de classe alta que vive de frente para a praia e mora com seu pai. Muitos problemas são passados por ambos os personagens e todos semelhantes, mas de formas diferentes de encará-los e vivê-los. O jovem vive frequentando bailes, paquerando e usando cocaína. E o pai vive preocupado pensando que a qualquer momento pode encontrar o filhomorto em sarjeta.

A história dos personagens é contada de duas maneiras, conhecendo o passado e sua situação atual, em que entenderemos os motivos de inseguranças e costumes de ambos. Claro que não são apenas eles os presentes na trama, já que muitas pessoas foram importantes para seu destino. Como é a relação de Jasmin, o caso amoroso de Pedro que o levou para o cenário das gangues ao conhecê-lo na comunidade. E Laura, irmã do jovem que é uma peça essencial para ambos os protagonistas.

Segundo o diretor, Breno Silveira, toda a história de Pedro foi contada pelo próprio Victor, que estava passando por um câncer e decidiu dividir essa vivência. Durante muito tempo, Victor passou escrevendo sobre o caso de seu filho, seu passado e o que acabou acontecendo após todo o turbilhão de problemas causados pela gangue e o envolvimento de Pedro. Infelizmente, Victor acabou falecendo antes das gravações da série se iniciarem.

Tudo que foi contado para Breno vemos nos mínimos detalhes, desde a época de Victor investigando casos na Bahia, seus casos amorosos e os desafios em ser pai de um viciado. A fotografia dos anos 80 surpreende muito, ganhando tons diferentes dos atuais vividos por Pedro, que ocorre nos anos 2000. Temos ainda o celular de flip, televisão tubo e até trajes que hoje estão fora de moda, mas a lembrança colocada por Breno em sua obra transporta o telespectador de maneira impecável.

O roteiro é bem amarrado, contando com as idas e vindas do passado, porém tem momentos que acabam sendo um pouco cansativos, mesmo sendo uma história diferente ainda lembra muito outros títulos nacionais que abordam a questão de tráfico de drogas, polícia e sociedade.

A fotografia e atuações são as melhores coisas da série, já que foram o foco principal para me manterem presas na história de Pedro e qual seria seu final.

Não conhecia o caso de Pedro Dom, então foi algo que me deixou em muitos momentos pensativa e acabou me surpreendendo com o desfecho. Tive um misto de sentimentos durante a maratona, muitas vezes o sentimento de tristeza e indignação bem maiores, porém existiam os felizes que nos levavam para um momento de conforto mesmo em meio ao caos daquela história.

“DOM” é uma boa série nacional, baseado em uma história que podemos chamar de chocante, porém que não parece nova. Viver no mundo atual não deixa a gente mais chocado, mas talvez apenas indignados com as situações de muitas pessoas que passam em seu dia a dia ou que muitas vezes precisam se submeter. Muitos podem não ter escolha, mas no caso de Pedro tudo poderia ter sido bem diferente.

“DOM” é uma série original Amazon Prime Video e já está disponível.