Há quadrinhos e quadrinhos que têm o potencial de nos pegar pelo coração e ligar a chavinha que faz os olhos derrubarem lágrimas. Mas há outros que passam uma mensagem de um assunto triste e pesado, de forma leve e reconfortante. Este é o caso de “A Canção de Roland”, do canadense Michel Rabagliati, traduzido por Thiago Ferreira e publicado no Brasil pela editora Comix Zone.
Na história, Roland e Lisette, os sogros de Paul, se mudam para Quebec para aproveitar sua aposentadoria. O velhote é um cara amado pela família, quase sempre trata muito bem todo mundo, é apaixonado pelos netos e se tiver bagunça em casa, a vida tá feita. Sua relação com o genro Paul é de muito respeito e amizade, ele é quase um filho. Roland também teve muito sucesso na vida profissional, apesar de o início de sua jornada ser bem penosa. Pouco tempo depois de sua estada em Quebec, Roland descobre um câncer avançado na próstata e, a partir daí, tudo vai começar a mudar pra sempre.
Michel Rabagliati é apaixonado por quadrinhos europeu, principalmente os de origem franco-belga, Tintim, de Hergé, por exemplo, é seu personagem favorito e isso está mais do que nítido na cara de Paul e dos demais personagens de “A Canção de Roland”. Seu traço leve combina muito bem com a narrativa, que fica ainda mais interessante quando começa a contextualizar o passado de Roland com sua vida no presente.
A família não é uma coisa importante apenas para Toretto de “Velozes & Furiosos”, Rabagliati consegue como ninguém demonstrar no decorrer das 192 páginas como uma família pode ser e se manter unida independentemente do momento pela qual está passando.
Perder um ente querido é fácil? Não. Ficar do lado dele até o último segundo de sua vida assistindo-a passar como se assistisse ao pior filme de terror, também não. Mas em “A Canção de Roland”, você vai passar por esses momentos sentindo um calorzinho no peito e perceber que Roland é um homem de sorte.
A trama ainda tem espaço para falar sobre as mudanças e as incertezas trazidas pelo novo milênio, discute questões políticas como a independência do Quebec e a desilusão coletiva pós-referendo de 1995.
Vencedor do prêmio do público do Festival de Angoulême em 2010, além do prêmio Doug Wright de melhor livro, “A Canção de Roland” valeu a Rabagliati o prêmio Joe Shuster de melhor autor.
“A Canção de Roland” entra para lista de melhores quadrinhos que eu já li desde quando comecei a publicar resenhas no Proibidoler.com. Portanto, se o título estiver no seu radar, leia o quanto antes, você não vai se arrepender e a maravilhosa edição da Comix Zone ainda vai ficar lindona na sua estante.
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