Daniel Clowes (Paciência e Ghost World) é um dos maiores quadrinistas e roteiristas da última década. Suas histórias são ácidas, assim como sua visão de vida e a forma crua como retrata o ser humano em páginas de graphic novels e quadrinhos.
Em “Wilson”, publicada pelo selo “Quadrinhos na Cia”, da Companhia das Letras, e traduzido por Erico Assis, conta a história de um solitário, idiota e sem escrúpulos, que odeia pessoas e fala o que dá na telha sem filtro, sem dor e sem qualquer envolvimento emocional. Ele mora em Oakland, Califórnia, nunca trabalhou, chegou a ter uma filha com sua ex, mas nunca tinha visto a menina até ela ter seus 20 e poucos anos quando decide ir atrás dela, não gosta muito do pai, do cunhado e de qualquer pessoa.
Sua cachorrinha é a única alma pela qual ele demonstra algum carinho, mas longe dela, tudo que há a seu redor em matéria de gente, ele aproveita pra ser inconveniente. Digamos que é um ser humano da pior espécie. Mas dentro de todos os seus problemas, suas críticas, acidez e rabugice, tem alguém tentando entender o que é a vida. Qual o sentido dela, como a contemplamos e quando chegamos no ponto de acharmos que temos tudo de verdade.
A cada página de “Wilson”, o leitor é conduzido numa espécie de tiras de jornal de domingo. Cada página contém uma crônica e esta se conecta com a história do fanfarrão e desiludido Wilson no desenrolar do quadrinho.
Esse formato de narrativa é mais um belo trabalho do autor que como ninguém sabe criar um envolvimento com o leitor. Você vai odiar Wilson, mas ao mesmo tempo quer ver aonde esse idiota vai. Ou como ele tem coragem de falar ou agir de determinado momento e ainda assim achar que é uma atitude normal. Ser sincerão sempre é necessário?
A leitura é simples e por vezes divertida. Seu trabalho como ilustrador é fluido dando a Wilson e outros personagens expressões que não precisam de balões. Uma HQ fantástica e que só a mente de Clowes é capaz de produzir. Vale a leitura!
Em 2017, “Wilson” ganhou uma adaptação para o cinema interpretado pelo ator “Woody Harrelson”, com roteiro do próprio Clowes e dirigido por Craig Johnson. O filme não chegou a ser lançado no País.
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