Nos dias atuais, a coisa mais fácil que existe é deixar de imaginar. Livros, quadrinhos, jogos, filmes, todos requerem um universo muito bem definido, seja pelos fãs ou pelos próprios criadores. “O Senhor dos Anéis” (e consequentemente toda a saga da Terra Média de Tolkien) talvez seja o melhor exemplo disso. “O Hobbit” (Ou lá e de volta outra vez), lançado em 21 de setembro de 1937 (em 2020 completando 83 anos), foi a primeira obra lançada pelo autor neste universo, e mesmo naquela época o livro já teve revisões do próprio Tolkien para bater com a história de ”A Sociedade do Anel” (lançada originalmente em 24 de julho de 1954). Hoje comentaremos toda essa história e universo, mas sem usar a muleta cinematográfica de Peter Jackson.
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Obviamente, não podemos desprezar toda a beleza e importância da obra de Peter Jackson em cima do trabalho original de Tolkien, pois de fato, a trilogia do “Senhor Dos Anéis” no cinema não só definiu a imagem de um universo inteiro na mente das massas como também é de gigantesco valor para a história do cinema.
Mas as mudanças do livro para o filme, apesar de muito bem feitas (a ponto de praticamente passarem despercebidas por muitos), são significantes e, pelo próprio fato de serem tão bem produzidas, insignificantes também. Como por exemplo, a ausência do encontro dos Hobbits com as Criaturas Tumulares e consequentemente seu resgate e encontro com Tom Bombadil e Fruta D’Ouro, no livro “A Sociedade do Anel”.
Sim, de fato para quem apenas assistiu aos filmes (e para quem também leu os livros), tal passagem pode ser insignificante, apesar de extensa, é muito importante no livro. Pois a mesma mostra que apesar de todo o poder e influência do Anel, ainda existem seres que em contato com a natureza, praticamente desprezam toda malignidade contida nele.
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Tolkien, assim como praticamente todos os autores de qualquer tipo de obra, tem as suas referências, sendo uma delas a própria cristandade que, diferente de seu amigo pessoal C.S. Lewis (o autor de Crônicas de Nárnia), na qual tais referências são bastante perceptíveis até para o leitor menos ávido, e eram objetos de discussão recorrente entre os dois.
Outra referência de Tolkien é a própria história, cultura e folclore. Como o verdadeiro “Livro Vermelho do Marco Ocidental”, sendo ele nada mais do que uma referência ao “Livro Vermelho de Hergest” que, junto ao “Livro Branco de Rhydderch” (Dois manuscritos que foram escritos entre o século XIV e XV que coletam e relatam a história, cultura e literatura do País de Gales) deram origem ao “Mabinogion”, que nada mais é do que uma coletânea desses dois manuscritos (ambos muito bem conhecidos por Tolkien).

Tolkien, dessa maneira, criou não apenas um conto, um livro, ou uma simples história. Mas sim, todo um universo, como visto em autores contemporâneos a ele, como H.P. Lovecraft e Robert E. Howard (americanos e igualmente amigos, como Tolkien e C.S. Lewis), respectivamente com os chamados “Mitos de Cthulhu” e a “Era Hiboriana” (de personagens como Conan, o Bárbaro, Red-Sonja e Rei Kull) com culturas, linguagens, tradições, estudos, profundidade e, deveras, Estória.
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Deveras a toda essa extensão, obras póstumas de Tolkien (e de tais autores com um “universo próprio”) não são nada raros.
Seu filho, Christopher Tolkien, continua com o resgate e reedição de obras, sendo talvez a mais conhecida a ”O Silmarillion”, de 1977, e sendo seguida por ”Os Filhos de Húrin”, lançada em maio de 2007, 40 anos depois de ”O Silmarillion”, e atualmente no Brasil em edição especial pela HarperCollins.

Devido a esse universo de referências e profundidade, Tolkien também se expande para outras formas de interpretação e inspiração cultural, como na música, com a banda inglesa Led Zeppelin, por exemplo, que recorrentemente usava de referências à obra, inclusive em “Stairway To Heaven” (sua canção de maior êxito comercial), em jogos, com Sombras de Mordor, lançado em 2014, que faz parte do canônico oficial da franquia, e na área da animação, sendo a mais popular (e que também serviu de referência para o trabalho de Peter Jackson) a adaptação de ”Senhor Dos Anéis” de 1978, do diretor Ralph Bakshi, famoso por animações de teor mais adulto, como “Fire & Ice” (feita em conjunto com Frank Frazetta, talvez o mais famoso pintor de fantasia, que também tem artes baseadas em Tolkien), e da adaptação para o cinema da “Heavy Metal”, revista antológica em quadrinhos que também tem material baseado em Tolkien.

Tolkien e seu universo não dependem apenas da visão, como tendo por referência total os filmes, mas sim, na riqueza da profundidade dessa visão. Há muito ainda a se explorar nessa belíssima obra e universo que, assim como nosso próprio mundo, se expande cada vez mais e é eterno, então, como um Hobbit, não tenha medo de imaginar e se aventurar nessa grande jornada!
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