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Elevation | Um lado ainda mais apaixonante de Stephen King

Quem segue o Proibido Ler viu recentemente que recebemos um novo livro do Stephen King que ainda não foi lançado no Brasil. O livro se chama “Elevation” e soma-se a um novo momento do mestre do terror em que ele revisita seu inicio de carreira onde seu nicho eram as Novels, ou novelas, que são contos não muito longos, com alguma lição de moral e drama mas ainda com a raiz do mestre que é o mundo sobrenatural.

“Elevation” conta a história de Scott Carey, um morador da famosa Castle Rock (quem é fã sabe que é a cidade onde tudo acontece nos livros de Stephen King) com um peso beirando a obesidade mórbida e que de um dia para o outro, começa a perder peso milagrosamente, mas apenas peso,  pois seu corpo permanece inalterado e tudo que ele tenta levar junto para uma balança como moedas e roupas simplesmente perdem seu peso junto. A vida de Scott no meio dessa loucura que acontece com ele se cruza com a da vizinha Deirdre e sua esposa em uma cidade preconceituosa e homofóbica.

A premissa do livro parece bem simples, mas trata de assuntos complexos como preconceito, homofobia, política americanas e conservadorismo, inclusive a morte. Na realidade podemos dizer que o mote principal é a morte, que é mostrada de uma forma poética e simbólica de forma absurdamente tocante e bonita, arrisco dizer que conseguimos terminar o livro temendo menos a morte, entendendo-a como o fim de um processo e não um fim de uma vida. A forma também que a construção de empatia entre pessoas que, a principio, não se bicavam e a crueza que mostra qual o poder destrutivo de uma visão preconceituosa das pessoas, é um outro ponto magnificamente trabalhado no livro. Sem drama demais, sem exageros, de forma verdadeira e que nos faz pensar em nossas atitudes e política. Mesmo que não vivamos nos EUA, temos hoje um cenário conservador muito similar ao de lá, e isso faz com que a gente consiga se identificar com os acontecimentos e possibilidades.

Outra ponto muito bacana do livro, que eu particularmente fiquei impressionada, é que se conecta ao outro lançamento dele “A Pequena Caixa de Gwendy“, que já resenhamos aqui no PL. Eu como fã adoro o fato de que King escreve as narrativas construindo um cenário complexo e bem trabalhado. Com uma linha de tempo entre seus livros e coerência dentro da cidade que ele criou de cenário para suas historias. Independente disso, mesmo quem não leu “A Pequena Caixa de Gwendy”, pode ler “Elevation” sem problemas, pois a construção de Castle Rock é feita milimetricamente dentro do livro, saímos com a impressão de ser um lugar conhecido, comum a nos. Assim como as personagens que são criadas de forma amestrai, com profundidade, falhas e méritos e de forma que parecem ser alguém que poderíamos conviver, independentemente da maluquice que esteja acontecendo na veia sobrenatural da historia.

Não tem como falar da edição, uma vez que aqui no Brasil talvez não seja lançado da mesma forma, mas a versão americana tem uma capa translúcida e brilhante que deveria demais ser replicada por aqui, uma coisa linda de ver, o único defeito é ser aquelas capas de papel soltas, a capa mesmo do livro é simples e azul com letras douradas, que ficaria lindo numa biblioteca particular, mas bem menos impressionante que a capa de papel. O livro pra quem se interessou está em inglês, porém é uma leitura fácil, sem palavras rebuscadas e pra quem não tem um inglês muito avançado é bem possível de conseguir aproveitar a obra.

“Elevation” é um ótimo livro, que nos faz sentir tristes e ao mesmo tempo satisfeitos com a leitura, com a mensagem e com a historia como um todo. A Suma das Letras pretende lançar o livro por aqui, mas não deu muitos detalhes. A previsão é que a publicação seja feita até 2020. Ver esse outro lado de Stephen King é valiosíssimo e só demonstra o poder literário dele, e como a ficção cientifica não precisa necessariamente ser aliens, monstros e coisas muito mirabolantes e sim podem ser usadas como metáforas para a nossa vida.

Escrito por Débora Mello

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