Originalmente publicada como uma minissérie em quatro edições lançada no início de 1986, “Batman: O Cavaleiro das Trevas” levou pouco tempo para ser considerada pelos fãs e crítica, uma das duas pedras angulares dos quadrinhos modernos ao lado de “Watchmen”, de Alan Moore.
Escrita e desenhada por Frank Miller, a história, mostra um Batman envelhecido e amargurado voltando à ativa após anos de aposentadoria.
Em 2001, Miller voltou ao distópico mundo criado por ele há quinze anos e deu continuidade ao clássico em uma nova minissérie, “Batman: O Cavaleiro das Trevas 2”. O material, como não poderia deixar de ser, foi um sólido sucesso de vendas. A Panini relançou no Brasil esses dois marcos das HQs em um único volume, com acabamento de luxo e repleto de extras exclusivos, incluindo uma introdução escrita pelo autor, a proposta de Frank Miller para o projeto original e vários esboços. Uma edição grandiosa para fazer jus ao Homem-Morcego.
“Batman: O Cavaleiro das Trevas” se inicia 10 anos após a aposentadoria do vigilante mascarado de Gotham, bem como do fim das atividades heroicas e públicas de qualquer vigilante existente. Com os heróis extintos por lei, o aumento da criminalidade na cidade de Gotham se torna inevitável, resultando no surgimento de uma gangue chamada “Mutantes” e um incomum senso de justiça de Bruce Wayne, o fazendo sair das trevas da aposentadoria e enfrentar os criminosos da cidade.
Certamente o renascimento do vigilante deixa o mundo em polvorosa. Batman desperta opiniões opostas; ao mesmo tempo em que é chamado de subversivo, é acusado de violar os direitos humanos e ganha o apoio de inúmeros admiradores que apreciam sua luta pela ordem, paz e justiça. É a partir do ressurgimento do Homem-Morcego neste universo criado por Frank Miller, que “Batman: O Cavaleiro das Trevas” se torna uma grandiosa obra.
Frank Miller assume uma proposta bastante interessante voltado ao dilema que molda não só Bruce Wayne como homem, mas como Batman também. Tal dilema é desenvolvido de tal forma pelas páginas da edição definitiva que aborda de maneira relativa, mas de forma intensa entrelinhas, sobre a pergunta: “quem está no controle por baixo do manto?”.
O justo e bondoso Bruce Wayne ou o vigilante moldado pelos ideias da justiça que atende pelo nome de Batman?. A verdade é que Frank Miller consegue expressar através de uma figura sombria e obsessiva que o Cavaleiro das Trevas é muito mais do que amor e ódio, verdade e mentira, dia e noite, muito mais do que um simples humano regido pelo pragmatismo.
O ressurgimento do Cavaleiro das Trevas despertando opiniões opostas perante a sociedade indiferente regida pelo “preto no branco” de Gotham. Ele demonstra não só o ideal de justiça seguido pelo vigilante, mas como sua figura e legado são importantes, respeitados e influentes em uma cidade mergulhada na escuridão mesmo quando se ainda é dia. Oferecendo a promessa de um futuro melhor, não só para os cidadãos de Gotham, mas para os ideais de humanidade que a cercam e deveriam moldá-la também.
Abusando de histórias relativas resultantes do ressurgimento do Batman e do seu impacto na sociedade regente de Gotham, bem como dos “quadros televisivos” que trazem uma narrativa ousada e diferente, Frank Miller consegue desenvolver sua história primária com rapidez e intensidade sem se afastar do conceito sombrio e obsessivo por trás do Cavaleiro das Trevas e de sua figura. Igualmente como a apresentação e conflito dos pontos positivos e negativos que o ressurgimento do Batman trouxe.
De fato, a atenção dada por Frank Miller a este conceito de narrativa, realmente torna o desenrolar de sua história num quesito agradável e interessante, uma vez que ela consegue dar a intensidade a trama sem abandonar o toque que cada personagem traz à história.
Seguindo ainda na discussão sobre o impacto que o ressurgimento do personagem tem na sociedade de Gotham e como isso passou a remodelar os ideias regentes de tal sociedade, Frank Miller consegue expressar um roteiro ainda mais surpreendente na história de “Batman: O Cavaleiro das Trevas 2″. Transformar o Cavaleiro das Trevas em uma ameaça política em rota de colisão com um dos super-heróis mais importante do mundo dos quadrinhos, o Superman, não é pra qualquer um.
Ainda que, indo além do arquétipo de bem contra mal, “Batman: O Cavaleiro das Trevas 2” expressa o confronto de duas ideologias e figuras metalinguísticas divergentes que sempre foram distintas mas que sempre coexistiram em “harmônia”, assim como a relação de amizade entre os personagens Batman e Superman. Com essa história, o autor consegue apresentar uma ótima conclusão ao universo único de sua obra.
O roteiro em ambas as histórias apresentadas nesta edição definitiva, se qualificam de forma estupenda, como a de uma grande obra no mundo dos quadrinhos. A arte que também é assinada por Frank Miller, é um dos pontos fortes desta edição. Com traços agradáveis e boas movimentações, a sincronia para com o desenrolar de sua trama e da sua proposta irreverente de narrativa, marca ambas histórias.
“Batman: O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva” é uma edição que consegue, apresentar uma história surpreendente e interessante, além de uma nova forma de se contar histórias em meio ao mundo dos quadrinhos, inovando na fórmula de intensidade e adrenalina encorpada a uma linguagem que foi essencial para fazer do Batman o ícone que ele é hoje. De fato, é uma edição digna da leitura e, principalmente, de se ter na coleção.
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