O primeiro arco tem uma pegada quase que investigativa pois mostra o Homem de Ferro unindo forças a um antigo e perigoso inimigo que parece estar regenerado. Os dois se juntam em uma caçada para impedir a Madame Máscara de pôr as mãos em itens sobrenaturais remanescentes do período Pré-Guerras Secretas que podem desbalancear o fluxo sobrenatural da Marvel em mãos erradas. Aqui Bendis explora de maneira satisfatória o conturbado relacionamento entre Stark e Giuletta Nefaria, sem cair muito naquele esquema de ex-namorada vilanesca. O roteiro destas cinco partes em si não tem nada de revolucionário. Já vimos o Homem de Ferro em situações semelhantes e até mais contundentes. O final também não surpreende nem um pouco e todo o estardalhaço da mídia especializada em relação à participação de Mary Jane Watson na publicação vai por água abaixo devido à minúscula (mas providencial) participação da moça nas duas últimas edições da história. O destaque do roteiro de Bendis (como é recorrente) são seus diálogos afiadíssimos. O escritor, apesar de se mostrar extremamente limitado em premissa e desenvolvimento do arco escreve peças de diálogos como poucos na indústria de quadrinhos atualmente. Isso fica evidente desde a primeira conversa entre Tony e a Dra. Perera e se estende por todas as edições. As peças de conversação em “Invincible Iron Man” carregam o gibi nas costas e o leitor acaba sendo seduzido a ler um história que francamente não tem nada demais por conta do talento de Bendis em construir boas cenas de bate papo em praticamente todas as situações mostradas.
David Marquez é um talentosíssimo ilustrador. Isso fica evidente analisando o portfólio do sujeito desde seus tempos de Miles Morales em “Ultimate Spider-Man”. Em “Invincible Iron Man” Marquez dentro de seu estilo super limpo e sem hachuras estreia de maneira muito convincente. No entanto, provavelmente devido a prazos (as edições 1 e 2 foram publicadas com pouco mais de 2 semanas de intervalo) o trabalho de Marquez apresenta alguns tropeços em quadros pontuais neste arco inicial. O leitor pode notar em algumas passagens em praticamente todas as edições a partir da número 2 uma falta de detalhes eventual em quadros e cenários. Isso em momento algum vai atrapalhar o fluxo de leitura ou qualquer peça do roteiro de Bendis. Entretanto o contraste entre algumas páginas lindíssimas e outras que parecem meio “corridas” na mesma edição deve ser ressaltado. No geral, Marquez nos apresenta um trabalho gráfico com ótimo nível que certamente foi impactado por demandas editorias da Marvel em fechar este arco com rapidez.
O arco inicial de “Invincible Iron Man” se vende por conta da impressionante habilidade de Brian Michael Bendis em escrever peças de diálogos contundentes e divertidas e também devido ao entendimento do autor de Tony Stark. O personagem está inserido em uma trama extremamente manjada nesta primeira história, no entanto o roteirista entende tão bem como funciona a mente deste personagem e consegue transpor isso tudo de maneira tão convincente que acaba nos chamando para entrar neste universo. Com uma apresentação que varia entre o excelente e o satisfatório na mesma edição, este início de “Invincible Iron Man” na Marvel deve atender os fãs do Latinha, mesmo que não nos mostre nenhuma novidade em termos de quadrinhos de super herói.
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