Bem vindos ao Reino de deus, Latverion ou como nós mortais chamaríamos, o Mundo de Batalha. Guerras Secretas #2 é um baque desde seu início. Se você estava acompanhando as prévias da super saga da Marvel, esta segunda edição é no mínimo surpreendente. E talvez seja muito mais do que isso se você não estava ligado no que aconteceria no evento. Na primeira edição de Guerras Secretas o autor Jonathan Hickman destruiu os dois últimos universos Marvel – as Terras 616 e 1610. A contração entre esses dois universos somado ao confronto cataclísmico entre o Doutor Destino e os misteriosos seres criadores do multiverso chamados Beyonders criou este novo Universo Marvel. E que coisa linda é este novo mundo, senhoras e senhores.
Você já imaginou o que seria da Marvel se o Doutor Destino finalmente triunfasse se tornando tudo o que ele aspira ser? Pois é exatamente isso que Hickman nos mostra nesta primeira edição. O Mundo de Batalha é o universo Marvel redefinido aos moldes e vontades do monarca Latveriano. Pense em uma Era do Apocalipse, mas com Victor Von Doom como o soberano incontestável e é o que vemos aqui. Ok, ok… Em sua história editorial a Marvel está cheia de futuros distópicos e linhas temporais alternativas nas quais “algo dá totalmente errado” e esse tipo de coisa acontece. A principal diferença entre Guerras Secretas e essas outras realidades é que todas essas histórias estão contidas no Mundo de Batalha. Então, seja a Era de Ultron, o caótico universo de Zumbis Marvel ou a própria Era do Apocalipse, todos eles fazem parte dessa nova realidade regida pelo soberano deus chamado Doom. A reimaginação dos papéis de personagens como Thor, Capitão Britânia, Doutor Estranho e Sr. Sinistro são pequenos quitutes servidos aos poucos pelo autor nesta edição. Aqui ainda temos outras participações que merecem ser desfrutadas sem spoilers e que tornam este novo universo ainda mais rico, novo e interessante para quem é fã da editora.
A parte do Mundo de Batalha mostrada aqui é a região mais nobre desta nova realidade. A edição é protagonizada pelo que podemos definir como a “corte”. Várias figuras importantes desta realidade estrelam como protagonistas ou coadjuvantes marcantes e o tom da edição lembra muito um episódio e Game of Thrones pelo excesso de personagens de Reinos (a palavra é usada no sentido literal diversas vezes durante esta edição) diferentes e a linguagem por vezes bem rebuscada dos diálogos. O mais importante no entanto, não é o festival de versões alternativas que vemos nesta segunda parte da saga e sim a continuidade da história iniciada na incursão final ocorrida na edição número 1 de Guerras Secretas. Sim. Este é um admirável novo universo Marvel, no entanto ele está calcado nas ruínas dos antigos universos e esta é a verdadeira história que o autor começa a contar aqui. Quem sobreviveu às incursões? Como esses caras sobreviveram? E o mais importante – O que eles farão agora que tudo mudou? Subitamente coisas que você julgava sem importância durante o arco Time runs out em Avengers e New Avengers começam a fazer um pouco de sentido. Isso torna Guerras Secretas uma leitura de ficção cheia de camadas e bastante interessante para quem tem paciência e gosta de teorizar.
Sobre o trabalho gráfico de Esad Ribic o que podemos falar é: Dentro de seu estilo épico foto realista o sujeito continua excedendo as expectativas de seus admiradores. Depois da épica batalha apocalíptica da edição passada, Ribic tem as honras de nos mostrar sua visão do novo Universo Marvel e poucos conseguiriam demonstrar graficamente o conceito de Hickman com tamanha competência e capricho. Tudo nesta edição de Guerras Secretas é gigante, magnânimo, estranho e familiar ao mesmo tempo. São mais de 70 anos de Marvel dentro de um liquidificador temperado com uma dose de ficção e outra de fantasia medieval. Uma confusão organizada, um deleite visual e em algumas páginas a quantidade de referências é tão rica que você realmente não vai saber pra onde olhar. Ribic continua entregando um trabalho acima da média em se tratando de sagas nesta editora.
Guerras Secretas #2 é uma grata surpresa para um público já cansado e sem esperanças após anos e anos de sagas irrelevantes na editora. Temos um conceito grande, mais complexo do que se imaginava, um elenco familiar e estranho, referências a história da editora pra todos os lados, uma arte sensacional e pouco convencional para este tipo de evento e o mais importante: um roteiro que caminha a passos largos e não enrola o leitor. Uma ótima apresentação do Mundo de Batalha que não se perde em explicações extensivas e não se prende em “versões alternativas”. Temos uma história, senhoras e senhores e em duas edições o autor mostra muito mais objetividade e foco do que em 2 anos de Vingadores.
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