Mapas Para as Estrelas é um filme perturbador. Talvez não deveríamos esperar algo diferente vindo de David Cronenberg, diretor canadense, que é muito conhecido por seus filmes bizarros e surreais, como “A Mosca” (1986) e “Marcas da Violência” (2005). Não muito obstante, temos o roteirista Bruce Wagner, que ficou 13 anos sem escrever nada, e aparentemente colocou neste roteiro toda a insanidade que ficou guardada durante todo esse tempo.
O longa tem Hollywood como pano de fundo, mas não aquela que estamos acostumados a ver, e sim, um distrito repugnante, caótico, cheio de celebridades com atitudes, costumes e personalidades que beiram a aberração. Os personagens aqui retratados tem histórias marcadas por problemas psicológicos, incestos e episódios de esquizofrenia, além de muita futilidade, arrogância e uma soberba sem tamanho.
Cronenberg mostra uma Los Angeles pilhada de loucura. Aqui nós temos um conto contemporâneo: a trama é voltada para a família Weiss, onde temos Stafford (John Cusack), um guru da autoajuda (que consegue ajudar todo mundo, menos ele); Cristina Weiss, a mãe, que administra a carreira do filho, Benjie (Evan Bird), astro mirim, do tipo arrogante, que aos 13 anos já passou por uma clínica de reabilitação e não está nem aí para nada; Agatha Weiss (Mia Wasikowska), garota piromaníaca, totalmente perturbada, que passou algum tempo no sanatório e está de volta à cidade para ser o epicentro do caos. Fora do circulo familiar, temos Havana Segrand (Julianne Moore), uma atriz decadente e cheia de vícios, que tenta de qualquer forma voltar a ser uma diva de Hollywood.
Mapas Para as Estrelas foi feito para você refletir. As coisas aqui não são explicadas ou sugeridas, são simplesmente jogadas e você tem que deduzir tudo, desde o começo. A partir da metade, o plot se forma e fica tudo um pouco mais compreensível. Mas não pense que ficou fácil, pois a cada cena que passa, a insanidade cresce. É algo perturbador e muito difícil de explicar, você fica o tempo todo com cara de “WTF” e, quando acaba, é pior ainda! Você fica pensando: Que diabos foi esse filme? É uma viagem!
Nós estamos acostumados a ver certos filmes ambientados em Los Angeles, mas não estamos acostumados a ver como são os bastidores ou, melhor dizendo, o submundo das celebridades deste mesmo lugar. Entre parasitas e oportunistas, nós podemos encontrar toda a sorte de artistas espalhados em festas, sets de filmagens, sessões de terapia e etc.
A fotografia do filme segue a mesma premissa de filmes de suspense, regada a tons mais escuros e sombrios. A trilha sonora potencializa a sensação de perturbação, principalmente em cenas onde existe desgaste ou momentos perversos de cada um dos personagens.
Julianne Moore está maravilhosa como sempre, mesmo deixando transparecer que existe um incômodo em fazer a personagem. Ela faturou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2014 por causa deste filme. Então, não há muito o que dizer além disso. Mia Wasikowska também não fica atrás, sua personagem tem uma evolução surpreendente dentro do longa, tanto Julianne quanto ela dão um “quê” a mais nesta produção. John Cusack está no seu melhor papel desde a última década.
Evan Bird está sensacional, ele consegue passar o esteriótipo de astro mirim arrogante, sarcástico que não se importa com nada nem ninguém. Porém ficou muito clara a inspiração do personagem em Macaulay Culkin.
A parte ruim fica pelos personagens adjacentes ou, melhor dizendo, quase figurantes. Como é o caso de Robert Pattinson, que interpreta um motorista de Limusine e aspirante a ator, Jerome Fontana. E também Carrie Fisher (a princesa Leia de Star Wars), interpretando ela mesma.
No mais, Mapas Para as Estrelas é uma viagem de Cronenberg, um festival de bizarrices, não existe um meio termo para a sanidade nem para a perversidade, só existe uma verdade que pode ser bem realista no seu ponto de vista e de Bruce Wagner. Ainda assim, parece um mundo de faz-de-contas ou um grande delírio Hollywoodiano que se passa como um devaneio na cabeça de quem viveu tudo isso de perto.
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