Considerado pela mídia o “Camaleão do Rock”, confira a lista de filmes que prova que David Bowie também manda muito bem no cinema.
David Robert Jones, conhecido como David Bowie, é muito mais do que um astro do rock, é um artista completo. Verdadeiro patrimônio da humanidade.
Deixando a babação de ovo de lado (porém nunca) quem teve a chance de ver sua exposição no Brasil, sabe que ele atuou em alguns filmes fantásticos. Ele sempre soube dominar muito bem a sétima arte, sem perder seu jeito camaleão de ser.
Antes de começar a listar seus filmes, quero compartilhar um achado que conheci na exposição no MIS em São Paulo. Uma prova de que além de cantar, Bowie sabe interpretar. Infelizmente não achei legendado, o que não vai minimizar a qualidade de sua apresentação silenciosa, com pouco menos de 5 minutos. Confira:
Começando a lista de filmes, nada melhor do que sétima arte sobre arte:
Basquiat: Traços de uma Vida (1996) – Julian Schnabel
Em 1981, um jovem artista, interpretado por Jeffrey Wright, é descoberto por Andy Warhol, interpretado por David Bowie. O jovem que ele ajudou no longa tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma estrela no mundo das artes. Mas este sucesso repentino e inesperado terá um preço muito alto. A semelhança é gritante, na interpretação e na aparência. Warhol, um dos maiores artistas do mundo, que o camaleão do rock teve o prazer de conhecer nos anos 70, não poderia ter sido melhor representado.
O Segredo de Mr. Rice (2000) – Nicholas Kendall
Título original: Mr. Rice’s Secret
Owen Walters, um menino de 12 anos acabou de perder seu melhor amigo, o velho e enigmático Sr. Rice, interpretado por Bowie. Os pais decidem que o melhor para o filho é não ir ao funeral do melhor amigo. Com o falecimento do Sr. Rice, o medo da morte faz Owen se lembrar daquilo que o atormentava em seus mais obscuros pesadelos. Em busca de aventura, ele e seus colegas decidem invadir a casa do Sr. Rice para assistirem uma gravação, e acabam encontrando um código secreto. Cada pista faz Owen descobrir mais sobre o seu amigo e também o significado do que ele lhe disse certa vez: “o que você faz na vida é o que conta”.
A Canção de Nomi (2005) – Andrew Horn
Título original: The Nomi Song
Parece um alienígena, mas canta como uma diva. Klaus Nomi, foi um dos mais maravilhosos e bizarros personagens dos anos 80, e surgiu através do rock. Você com certeza conhece sua música. Um tenor que cantou música “pop” como ópera para o público. O filme aborda a fama, a morte, a amizade, a traição, a ópera, e a maior estrela do New Wave. Vocal divino, e ao mesmo tempo sombrio e intimidador, como num filme de terror daqueles bem macabros, a participação de Bowie é espetacular, como de costume.
O Homem que Caiu na Terra (1976) – Nicolas Roeg
Título original: The Man Who Fell To Earth
Um alienígena vem a Terra e adota o disfarce de um homem de negócios chamado Thomas Jerome Newton, interpretado por Bowie. A sua missão é encontrar água para o seu planeta que está morrendo. Mas o gentil Newton não está preparado para a ganância e a crueldade de seus novos colegas, os humanos, e logo descobre que a missão será muito mais difícil do que ele havia imaginado. Como protagonista dessa adaptação do romance de mesmo nome de Walter Tevis, temos o David Bowie brilhando em sua atuação.
Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992) – David Lynch
Título original: Fire Walk With Me
Antes de mais nada: SIM, EXISTE UM FILME DA SÉRIE.
David Bowie interpreta Phillip Jeffries, um agente do FBI. Prelúdio para a famosa série de TV. Vemos primeiramente as investigações do agente especial do FBI Chester Desmond, no caso Teresa Banks. Então saltamos no tempo para uma semana antes do início da série, e acompanhamos todos os acontecimentos de Laura Palmer, até a hora de sua morte.
Fome de Viver (1983) – Tony Scott
Título original: The Hunguer
Ao som de “Bela Lugosi is Dead” da banda Bauhaus, um filme maravilhoso sobre vampiros, com David Bowie e Catherine Deneuve, mulher que ostenta beleza e sensualidade em sua protagonização. O longa mostra uma força extraordinária ao criar um universo sofisticado em que o vampirismo transparece como uma maldição nostálgica, erótica e obscura.
Duelo de Forasteiros (1998) – Giovanni Veronesi
Título original: Il Mio West
Jack Sikora, interpretado por David Bowie, o maior notório forasteiro do Velho Oeste, chega a Basin Field para matar um homem, o legendário pistoleiro Johnny Lowen, interpretado por Harvey Keitel. Renomado em todo o território, Lowen nunca perdeu um duelo, mas depois de 20 anos de aventura e fama, ele retornou para fazer as pazes com a sua família, e especialmente, consigo mesmo. Entretanto, Sikora não está disposto a deixar que o rival se aposente e, por mais que Lowen resista, o sanguinário assassino pretende provocá-lo até que um confronto final decida quem é o atirador mais rápido do Oeste.
O Grande Truque (2006) – Christopher Nolan
Título original: The Prestige
David Bowie interpretou Nikola Tesla, físico pioneiro na corrente alternada, ao lado de Christian Bale e Hugh Jackman, dirigido por Christopher Nolan e baseado no romance epistolar de Christopher Priest sobre a rivalidade entre dois mágicos. Século XIX, Londres. Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) se conhecem há muitos anos, desde que eram mágicos iniciantes. Desde então eles vivem competindo entre si, o que faz com que a amizade com o passar dos anos se transforme em uma grande rivalidade. Quando Alfred apresenta uma mágica revolucionária, Robert fica obcecado em descobrir como ele consegue realizá-la.
Absolute Beginners (1986) – Julien Temple
Durante os agitados anos 50, Colin (Eddie O’Connell), é um jovem londrino de 19 anos que está a procura de seu lugar no mundo. Tentando se estabelecer como um fotógrafo, ele está perdidamente apaixonado por Crepe Suzette (Patsy Kensit), uma linda modelo. Porém, seu relacionamento está estritamente ligado ao mundo da moda e a seu crescente sucesso. Então, Colin se envolve com um promotor de música pop e tenta assim, novamente se aproximar de Crepe Suzette. Enquanto os dois decidem entre viver seus princípios idealistas ou se vendar ao sucesso, a tensão racial fermenta a seu redor. Destaque para a aparição de Ray Davies, vocalista do clássico conjunto The Kinks, no papel do pai do protagonista. Curiosamente, a participação de David Bowie é a mais dispensável do conjunto, compensada pela ótima música tema (na versão original, com mais de oito minutos).
Apenas um Gigolô (1978) – David Hemmings
Título original: Schöner Gigolo, Armer Gigolo
Berlim, anos 20. A Primeira Guerra deixou suas marcas. O jovem Paul, interpretado por Bowie, acaba de voltar dos combates e se dá conta de que o mundo aristocrático em que vivia mudou drasticamente. Para sobreviver, torna-se gigolô de uma rica baronesa, ao mesmo tempo em que os nazistas buscam o poder.
Furyo – Em nome da Honra (1983) – Nagisa Oshima
Título original: Merry Christmas, Mr. Lawrence
Uma intriga provocante, um drama de guerra estrelado por David Bowie e Ryuichi Sakamoto. Baseado no livro de Sir Laurens Van der Post, “Furyo – Em Nome da Honra” relata o choque cultural entre orientais e ocidentais num campo de concentração em plena Segunda Guerra Mundial. O ano é 1942 e o prisioneiro de guerra Jack Celliers, interpretado de maneira brilhante por David Bowie, que provoca um conflito quando resolve usar suas divisas de oficial, para não obedecer às regras ditadas pelo capitão Yonoi, interpretado por Ryuichi Sakamoto. Em um campo de concentração, a teimosia é repudiada com violência, mas o japonês não consegue acabar com o orgulho e a honra do oficial inglês, o que deixa Yonoi com ódio de seu inimigo. Mas existe um sentimento escondido por trás deste conflito, algo que não pode ser expresso. Apenas o coronel John Lawrence, interpretado por Tom Conti, parece entender o que ocorre com ambos. Uma das melhores atuações da carreira como ator de David Bowie. Nagisa Oshima fez um ótimo trabalho. Um filme sutil e ao mesmo tempo cruel, que consegue prender você até o fim. A trilha sonora é sensacional, assim como sua fotografia.
Existe também o curta metragem:
The Image (1967) – Michael Armstrong
14 minutos que valem muito. Uma pintura (David Bowie) ganha vida, e passa a assombrar a vida do artista (Michael Byrne) que lhe pintou. Confesso que se Bowie ganhasse vida, e saísse do pôster na minha parede, não me importaria em ser assombrada. E você?
Curiosidades: entre 1980 e 1981, ele fez o papel principal de “O Homem Elefante“, produção teatral da Broadway. Já em “Eu, Christiane F“, Bowie fez uma aparição rápida como ele mesmo em um show na Alemanha, e a trilha sonora do filme é feita de muitas músicas do cantor. Ele também participou de uma cena do “Yellowbeard” de 1983, comédia sobre piratas criada pelo Monty Python, e recusou retratar o vilão Max Zorin nos filmes “007 – Na Mira Dos Assassinos” e “007 – Alvo Em Movimento“.
Além disso, ele emprestou sua voz para o poderoso vilão Maltazard, na animação “Arthur e os Minimoys” e também para o personagem Lord Royal Highness, do desenho animado “Bob Esponja: Calça Quadrada“. Atualmente, sua música “Heroes” ganhou visibilidade graças a cena do filme “As Vantagens de Ser Invisível” e “Modern Love” em uma cena belíssima em “Frances Ha“.
Como você pode ver, David Bowie é o camaleão do cinema, assim como é da música. Espero que tenha gostado da lista, não se esqueça de comentar o que achou dos filmes, e de dar sua sugestão para as próximas listas. Até mais, e aproveite para dançar Modern Love (alá Frances Ha!) como se não houvesse amanhã.
Comentários
Loading…