Chris Claremont é um dos autores mais renomados e reverenciados dos quadrinhos americanos. Seu trabalho sem precedentes no universo mutante é um legado incontestável para todas as gerações de leitores. Seu primeiro run em Uncanny X-Men resiste ao teste do tempo e é até hoje considerado por muitos o grande momento dos heróis mutantes desde sua criação.Por aí vocês já podem avaliar o fardo de responsabilidade que este sujeito carrega toda vez que se aproxima de algum título mutante.
Noturno #1 é o retorno de Claremont ao universo X com o qual o autor não trabalhava desde seu run irregular em X-Treme X-Men. Esta primeira edição é um exemplo perfeito de um autor que não soube se re-inventar. Aqui temos os velhos diálogos de Claremont que, não me levem a mal, são legais mas não tem nada de diferente do que eram na década de 1980-90. Isso não é necessariamente uma coisa ruim, mas também não acrescenta em nada na imensa gama de títulos mutantes que temos atualmente. A proposta de focar em Noturno é interessante, mas a cadência aqui é sonolenta e o fato do personagem ter voltado da morte e ficar relembrando coisas não pode ser o foco pois torna a leitura chata (pelo menos pra mim). A trama é extremamente rasa e eu não sei o que falaram pro Claremont sobre o Wolverine atual, mas a cena inicial de Kurt e Logan na sala de perigo beira ofensivo. A hostilidade do canadense com um de seus melhores amigos em uma simples sessão de treino é injustificável.
A arte de Todd Nauck é fraca e as cenas de ação que deveriam ser fluidas e acrobáticas ficam caricatas e o tempo das poses anatomicamente injustificáveis já se foi (e todos nós damos graças por isso).
Noturno #1 não tem charme algum. É um título que apela para o saudosismo do leitor antigo e usa isso como pilar de sustentação pra uma história medíocre e uma arte fraca. Não sei o que esperar do Claremont daqui pra frente. Sem dúvida ele continua sendo um dos meus autores favoritos nos X-Men, no entanto se faz necessária uma atualização de seus conceitos narrativos, principalmente em relação a estrutura de suas tramas que parecem que encalharam na década de 1990.
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