Original Sin mexeu muito com Argardia. O retorno de Odin de seu exílio após os eventos da saga acabou dividindo a liderança da Terra dos deuses nórdicos entre o Pai Supremo e Freya, a atual regente. Para complicar mais ainda as coisas, Thor Odinson não é mais digno de portar a marreta encantada Mjolnir após escutar verdades sussuradas por Nick Fury em uma batalha na superfície da Lua Terrestre. Cientes destas fraquezas, os inimigos de Asgard se preparam para invadir Midgard e tocar o terror.
Esse é o cenário caótico apresentado em Thor #1 de Jason Aaron e Russel Dauterman. Aaron dá uma guinada no formato em relação ao volume anterior de Thor (onde tínhamos os 3 “Thors” em toda a sua glória vivendo momentos épicos) e apresenta Odinson no fundo do poço. O deus caído em desgraça (agora portando o machado Jarnbjorn) protagoniza boa parte da HQ e temos boas cenas de ação assim como os conflitos entre Freya e Odin sobre a liderança da cidade sagrada. Ao que parece, Aaron usa elementos clássicos de Asgard como os Gigantes de Gelo e Malekith e os insere na realidade terrestre, tirando os mesmos de seus respectivos reinos de Jotunheim e Svartalfheim e os colocando para atacar nosso planeta. Os diálogos são bem escritos e a história tem a fluidez necessária para manter o interesse na leitura.
Mas é claro que o que você quer ver mesmo em Thor #1 é a novíssima Thor em ação. Você quer saber quem ela é. Você quer saber porque ela é digna de levantar o Mjolnir quando nem o próprio Odin conseguiu fazê-lo. E você quer saber o que diabos Nick Fury fez ao Odinson para torná-lo indigno. Infelizmente estas respostas você não vai encontrar aqui. Na verdade a HQ dá até a entender quem é a nova Thor, mas depende muito da interpretação do leitor e nada fica muito claro. Apesar de eu ter adorado ler esta primeira edição Aaron ainda não entrega o que o povo quer. Temos uma única cena bem curta com a nova Thor nas duas últimas páginas da HQ, no entanto esta cena foi amplamente divulgada pela Marvel nos previews do título e não oferece nenhuma surpresa.
A arte de Russel Dauterman, que estava trabalhando em Cyclops de Greg Rucka é (me perdoem o trocadilho) um presente dos deuses. A primeira aparição dos Gigantes de gelo nesta edição é fenomenal e talvez seja um dos quadros mais lindos que vi este ano. Odinson é um deus-mendigo amargo e invocado e sua batalha contra Malekith e os Gigantes é digna de sua glória anterior. As cenas na Lua são muito detalhadas, apresentando uma enorme quantidade de personagens do plantel de Asgard (agora Asgardia) e a caracterização de Odin, Freya e da nova Thor é épica. Toda a arte é de altíssimo nível e espero que o desenhista continue por um bom tempo no título.
Thor #1 é uma excelente estreia e um ótimo ponto de partida para os novos leitores. A história é simples e não necessita de muito conhecimento prévio. Tudo que é preciso saber sobre a condição de Asgardia e de Odinson é explicado rapidamente nas cenas na Lua e no recap page inicial. A arte é preciosa, energética, cheia de impacto e a caracterização do elenco é perfeita. No entanto, para quem estava curioso e ansioso pela primeira aparição e origem da nova deusa do trovão esta edição pode ser um pouco decepcionante pois não mostra quase nada da heroína. De qualquer forma vale a pena acompanhar o título pois você a partir de agora tem dois Thors (de gêneros diferentes) pelo preço de um.
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