Frank Dux ficou mundialmente famoso após o sucesso do filme “O Grande Dragão Branco” (1988), estrelado por Jean-Claude Van Damme. No longa, Dux é retratado como um lutador lendário, campeão de um torneio secreto chamado Kumite. No entanto, a história real por trás desse personagem é muito mais controversa e cercada de dúvidas.
Quem é Frank Dux?
Frank William Dux nasceu em 1956, no Canadá, e posteriormente se mudou para a Califórnia. Alegando ter sido treinado por um mestre de artes marciais chamado Senzo Tanaka, Dux afirma que fundou seu próprio estilo de luta, o Dux Ryu Ninjutsu, em 1975. De acordo com ele, participou e venceu o Kumite, um torneio de artes marciais clandestino e altamente perigoso, supostamente realizado em algum lugar da Ásia.
O filme que eternizou sua história foi baseado em um artigo da revista “Black Belt”, publicado em 1980. A matéria, que dava crédito às alegações de Frank Dux, inspirou os produtores de Hollywood e ajudou a moldar sua imagem como um verdadeiro mestre das lutas.
As alegações de Frank Dux — e os furos
Segundo Frank Dux, ele venceu o Kumite após nocautear 56 oponentes, estabelecendo um recorde de vitórias. Ele também afirma ter ganhado uma espada como prêmio do torneio e ter servido em missões secretas da CIA no Sudeste Asiático, sendo inclusive condecorado com Medalha de Honra.
Porém, uma série de investigações e reportagens colocaram em xeque todas essas histórias. Um artigo publicado pelo Los Angeles Times em 1988 revelou que não havia qualquer evidência da existência do Kumite. Além disso, a organização que supostamente promovia o torneio tinha como endereço o mesmo local onde Dux morava.
Sobre a famosa espada recebida como prêmio, descobriu-se que o troféu foi adquirido em uma loja de troféus próxima à casa do próprio Dux. Já os registros militares indicam que ele nunca serviu no exterior e, portanto, não poderia ter participado das missões que alega.
Pior: foi fotografado usando uma medalha do Exército, embora tenha servido na Marinha — algo que levantou ainda mais suspeitas.
A figura de Senzo Tanaka
Frank Dux afirma que foi treinado por um mestre chamado Senzo Tanaka, responsável por ensiná-lo artes marciais tradicionais do Japão. No entanto, não há qualquer registro de que esse mestre tenha existido. Muitos acreditam que Tanaka seja um personagem fictício, criado por Dux para dar legitimidade à sua história.
Dim Mak: o golpe da discórdia
Um dos momentos mais lembrados do filme “O Grande Dragão Branco” é o golpe Dim Mak, ou “toque da morte”. Frank Dux alega que dominava essa técnica, capaz de destruir objetos com um simples toque em pontos específicos.
Embora o conceito tenha origem em lendas orientais, não há comprovação científica de sua existência — e especialistas em artes marciais consideram o Dim Mak mais mito do que realidade.
Ação judicial contra Van Damme
Em 1998, Frank Dux processou Jean-Claude Van Damme, alegando quebra de contrato e plágio no filme “O Grande Dragão Branco 2” (lançado como “The Quest”). Segundo Dux, o roteiro do longa teria sido baseado em uma ideia que ambos haviam desenvolvido juntos. No entanto, o tribunal decidiu contra Dux, classificando seu depoimento como inconsistente e sem credibilidade.
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Fama e controvérsia
Mesmo com todas as controvérsias, Frank Dux continua sendo uma figura conhecida no mundo das artes marciais. Muitos fãs do filme o consideram uma lenda, enquanto outros o veem como alguém que se aproveitou da ausência de provas para construir uma história fantasiosa. E essa história por ser interessante, chama a atenção e de tempos em tempos ressurge no universo da cultura pop.
Seja como for, sua trajetória mostra o poder do cinema em transformar alguém em ícone — mesmo que as bases dessa fama estejam longe de ser sólidas.
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