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Proibido Ler entrevista | Damone, o cara que deu final para Caverna do Dragão!

Andando no pavilhão de exposições do Anhembi, eu vi um cara levantando um livro para o alto e dizendo: “Agora tem final”, para todas as pessoas que passavam perto do seu pequeno estande próximo à praça de alimentação. Eu já o conhecia de outras bienais do livro de São Paulo, mas nunca tive coragem de fazer uma matéria com ele, ainda mais para o blog.

Seu nome é Damone ou melhor,  D4m0n3, é assim que ele assina suas obras. E qual obra seria essa que ele vive aos berros dizendo que tem final? Simplesmente: Caverna do Dragão – O Reino

Em 2012, quando fiquei sabendo desse lançamento, fiquei maravilhado ao saber que alguém teve coragem de dar um final ao desenho que marcou muitas gerações. Era triste ver um desenho daquele porte sem um fim – tudo bem que isso era o normal da época, mas para qualquer fã ter um final digno era primordial – e muitos como eu acabaram se conformando com o tempo, ao contrário de D4m0n3. Para ele era diferente!

Proibido Ler entrevista | Damone, o cara que deu final para Caverna do Dragão!

Nesta entrevista exclusiva para o Proibido Ler, D4m0n3 contou o que o motivou a escrever o livro, as questões relacionadas aos direitos autorais, as dificuldades que teve para escrever o livro e, claro, as novidades que esperam todos os fãs de Caverna do Dragão.

PL: O que te motivou de verdade a escrever “Caverna do Dragão – O Reino”?

D4m0n3: Duas coisas me motivaram: eu sempre quis ver o final, é uma paixão que eu tenho desde pequeno, e a outra, foi quando eu tive uma crise de stress muito grande em 2010. Aí foi o start. Eu me afastei da empresa, vamos dizer que eu me aposentei. A empresa era minha e quando eu saí, eu me perguntei: que que eu vou fazer da vida? E o que eu pensei foi, tem tanto tempo que eu falava que ia fazer o livro, agora eu vou fazer! Eu sempre tinha essa ideia na cabeça, mas nunca tinha colocado no papel e foi o que eu fiz.

PL: Como seus amigos reagiram quando você disse que finalmente escreveria o livro?

D4m0n3: Eles ouviram isso uns 8 anos seguidos, me tratavam sempre com deboche e dessa vez também não foi diferente.

Proibido Ler entrevista | Damone, o cara que deu final para Caverna do Dragão!PL: Na bienal do livro de 2012, numa conversa que tivemos, você me disse que tinha uma quantia de dinheiro guardada para problemas em relação aos direitos autorais de “Caverna do Dragão”. Como está a situação em relação às empresas que detém os direitos autorais da obra com o livro?

D4m0n3: Eu ainda tenho esse dinheiro guardado. O que que acontece, são muitas empresas envolvidas no processo. Eu estava conversando até pouco tempo com uma dessas empresas, eles eram meios reticentes de fazer o negócio e eu achava até estranho, ainda mais pelo sucesso que o livro tem. Hoje o potencial de venda do Caverna do Dragão perto de todos os outros títulos que tem no Brasil é muito maior. Então, há pouco tempo, eu descobri que não é ela que detém os direitos e sim uma outra, ela detém um nome parecido, então abrimos agora outra frente e vamos ficar um pouco mais ousados.

PL: E como foi a aceitação do público com o final de Caverna do Dragão e o livro como um todo?

D4m0n3: Em 2012 nós estávamos naquela de “Como vai ser a aceitação?”, e aceitação foi tão boa, mas tão boa, que o pessoal começou a pedir mais material. Ninguém ia fazer isso se não gostasse do livro. Foram 12 mil livros vendidos e eu recebi mais de 16 mil e-mails pedindo a continuação. Tinha uma menina que me escrevia quase todos os dias, fora os que escreviam toda semana, abaixo-assinado… Então, tudo isso indica que o material é bom.

PL: No prefácio do livro você disse que quebrou 2 notebooks no processo de criação do livro. Como isso aconteceu? 

D4m0n3: Na verdade, eu quebrei 3 computadores. Eu gasto equipamento eletrônico de tanto que eu uso. Eu sou analista de sistema e desenvolvedor de software, então, do mesmo jeito que um motorista de táxi tem que trocar de carro de tanto em tanto tempo, eu tenho que trocar equipamento com frequência de tanto que eu uso. Para escrever os livros, de tanto material que eu escrevi, fui apurando e decupando, acabou gastando. Meu notebook mesmo, que tem pouco mais de 1 ano e meio de uso, já não tem algumas teclas.

PL: Nesse período você pensou em desistir? 

D4m0n3: De certa forma eu sou meio que abençoado, assim, eu tenho uma situação tranquila. Eu estou com 46 anos, desde os 42 eu estou afastado da minha atividade principal, não sou rico, mas tenho uma grana que eu possa viver e que me dá uma vida confortável, então eu não pensei em desistir! Eu pensei em superar todos os obstáculos que apareceram, essa palavra não existe no meu vocabulário. Quando eu era mais novo, que eu estava montando a minha empresa foi punk! Eu já morei em rodoviária, já passei fome, é uma coisa que muita gente não sabe. Muitos tem uma ideia minha, de que eu sou um “bon vivant“, mas eu já passei por momentos muito complicados em minha vida. Eu tive essa tranquilidade e, graças a deus, o amadurecimento para saber a hora de fazer isso, então, desistir é uma palavra que não tem no meu vocabulário.

PL: E quais foram os obstáculos que você achou que não superaria?

D4m0n3: Eu sempre tive medo dos fãs do desenho, mas eu consegui, graças a deus, ter a maioria dos fãs comigo. Porque todo mundo está carente de material, todo mundo quer material, todo mundo quer que o desenho ressuscite. A maior dificuldade mesmo quem tem é meu advogado para correr atrás dos direitos autorais. Eu terceirizei os obstáculos.

PL: Também no prefácio, você conta que, ao rever os episódios do desenho animado, você teve um choque de realidade. O que hoje você enxerga no desenho que você não enxergava quando era criança? 

D4m0n3: Quando você é menor, tudo que você vê, você acha incrível! Eu lembro que eu voltei no museu da “Quinta da Boa Vista” no Rio de Janeiro, eu fui com 8 anos de idade, quando eu voltei tinha 30 anos e fiquei um pouco decepcionado. Aquelas coisas que eu achava gigantescas não eram tão gigantescas assim.  E apesar do desenho ser fantástico e fabuloso, eu nunca vi em tão poucos minutos tanta riqueza de mitologia, tantas variedades, nem Harry Potter que bebe de diversas fontes tem tanta coisa. Eu vi ainda, que cabia um pouco de modernidade, um pouco de situações mais no nosso contexto. Apesar que, na época, o desenho era super violento. Hoje ele é uma coisa que menino ri, é obsoleto. Eu dei uma cor mais pesada, dei um conteúdo mais abrangente, os meninos namoram, tem gente que acha que é um pecado essa questão, é algo mais velado, mas existe essa situação.

Proibido Ler entrevista | Damone, o cara que deu final para Caverna do Dragão!PL: Além do segundo livro chamado “Caverna do Dragão – Duas Cores”, quais são as novidades?

D4m0n3: Como eu disse anteriormente, nós vamos ser mais ousados e estamos lançando o livro em inglês. Já tem fãs nos EUA que vão batalhar para fazer o roteiro para cinema. E nada disso é pretensioso, o que eu quero é aquela coisa, se alguém chegar e disser “A gente vai fazer do nosso jeito”, tudo bem, mas que faça! Meu objetivo é uma cruzada para ressuscitar o desenho, porque público tem.

PL: Então, pelo o que eu entendi, os direitos para fazer um filme do seu livro serão comercializados daqui pra frente? 

D4m0n3: Não sei, isso é uma incógnita. Eu sei que eu vou batalhar por isso, meu objetivo é fazer o Caverna do Dragão ressuscitar, e eu estou liderando essa cruzada, só isso.

 

PL: Você já escreveu dois livros, quantos serão ao todo? 

D4m0n3: Eu planejei quatros livros, são três expansões. Eu também quero escrever outras coisas, eu acho que quatro livros é material mais que suficiente. Não é minha intensão aquela coisa comercial para ganhar dinheiro, eu tenho minha renda, eu não vivo dos livros que vendo, todo o dinheiro que eu ganho com o Caverna do Dragão eu reinvisto no Caverna do Dragão. Eu não que quero que vire um Piratas do Caribe, que era uma ideia genial e ficou uma coisa ruim. Dividiram o final de Crepúsculo sem necessidade, dividiram o final de Jogos Vorazes sem necessidade, o que eu fiz foi uma linha contínua, tanto que vão ser quatro, não vão ser três, é  mais uma coisa paralela. A história inicia e se encerra no primeiro livro, apesar de ter mais três. Isso que é legal!

PL: Quando será o lançamento do terceiro e do quarto livro? 

D4m0n3: A segunda expansão, que é o terceiro livro, sai em dezembro, e na bienal do livro no Rio de Janeiro, sai a terceira expansão, que é o quarto livro.

PL: Então vamos fazer um trato,  nós conversamos novamente na Bienal do Livro no Rio de Janeiro para eu receber o quarto e último livro e conversar sobre todos os outros, combinado? 

D4m0n3: Combinado!

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Veja mais entrevistas exclusivas: Proibido Ler Entrevista

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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