Louise Eu sou mais conhecida por ser viciada em tudo que envolve o universo dos super-heróis e da cultura pop, mas quem me conhece há mais tempo, sabe que eu tenho uma paixão profunda pelo universo do terror. O problema é que é difícil encontrar alguma obra atual que agrade um fã de terror, já que antigamente era mais fácil assustar as pessoas, né?
Sem entrar na discussão das razões de não existirem muitas obras de terror de qualidade atualmente, quero apresentar uma surpresa maravilhosa que acompanhei nos últimos tempos: a série Penny Dreadful, exibida no Brasil pela HBO.
Penny Dreadful foi criada por John Logan e produzida por ele e Sam Mendes. O título “Penny Dreadful” se refere a publicações de ficção e terror que eram vendidas por alguns centavos na Inglaterra no século 19 e se chamavam, claro, penny dreadfuls (em tradução livre: centavos de terror).
A série se passa na cidade de Londres na época vitoriana (se você não sabe o que foi a época vitoriana, clique aqui) e seus personagens são grandes nomes da literatura e cinema sobrenatural. Dr. Frankenstein, Conde Drácula, Dorian Gray, Van Helsing, Jack O Estripador, são alguns nomes conhecidos que fazem parte do universo da série, sem contar lobisomens, possessões, conspirações e muito, mas muuuuito suspense.
Sinopse oficial:
Em Penny Dreadful, alguns dos personagens mais famosos e assustadores da literatura mundial, como o Dr. Frankenstein e sua criação, o eternamente jovem Dorian Gray e icônicas figuras do romance Drácula, estão todos vivendo nos cantos obscuros de Londres Vitoriana. Um thriller psicológico que mescla histórias de terror clássicas e histórias originais em um drama inteiramente novo.
Vamos lá:
A história gira em torno de Mina, uma moça que está desaparecida e foi, supostamente, sequestrada por vampiros. Quem conhece a literatura de terror e a história do Conde Drácula, sabe que Mina é o nome de um dos pares românticos do Conde. Só nesse começo já dá pra sacar que a série vai ter algumas reviravoltas, né?
Vanessa Ives:
A misteriosa Vanessa Ives, vivida pela maravilhosa Eva Green é uma mulher forte, sensual e enigmática. Ela é uma médium que possui sérios problemas com demônios, incluindo possessões, além da habilidade de ler tarô. Sua melhor amiga – Mina – foi sequestrada por um ser das trevas e seu objetivo de vida, no momento, é encontrá-la e resgatá-la. Ela faz isso ao lado do pai de Mina, Sir Malcolm Murray e dos outros membros de sua equipe, que entram no decorrer da série. Eva Green já é naturalmente estonteante, então nem preciso dizer que ela rouba a cena em todos os episódios, né? Ela tem cenas bem pesadas e a atuação é impecável.
Sir Malcolm Murray:
Timothy Dalton é o explorador africano Malcolm Murray, pai de Mina. Ele se junta com Vanessa pra encontrar e resgatar Mina, mas tem um passado negro que não consegue impedir de vir à tona. É um homem sério e frio, que eu não simpatizei durante boa parte da série, mas acabou por ter uma reviravolta impressionante no personagem.
Ethan Chandler:
O personagem de Josh Hartnett é único americano da série, que chega em Londres se apresentando como artista circense. Suas apresentações eram demonstrações da sua habilidade sobre-humana com armas de fogo (sério, o cara é o ninja das pistolas) e ele foi convocado pra entrar no time de resgate da Mina. Ethan pode parecer ser um personagem mais simples do que os outros, mas ele me surpreendeu. Na verdade, o americano tem um passado bem complicado e ligado ao sobrenatural, além dessa habilidade inexplicável com as armas. Um dos personagens mais presentes nos episódios e, definitivamente, um dos mais interessantes.
Dr. Victor Frankenstein:
Harry Treadaway faz o papel do jovem, perturbado, inteligente e virgem Victor Frankenstein (obviamente vindo direto do livro Frankenstein, de Mary Shelley). O doutor é um jovenzinho magrelo que em alguns momentos parece ser homossexual e em outros, assexuado. Não que a série levante alguma bandeira sexista, é só que ele deixa muito claro que a razão da vida dele são os estudos da medicina e ele nem sequer pensa em relacionamentos. COMO ESPERADO ELE CRIA MONSTRINHOS NO FUNDO DE CASA, mas esses monstrinhos são bem diferentes do que eu já tinha visto em qualquer lugar. Dr. Frankenstein também tem um passado obscuro que vai se revelando ao longo dos episódios, mas o presente dele consegue ser pior ainda. Ele entra, por acaso, na equipe de busca da Mina, quando o pessoal entrega pra ele um corpo pra fazer autopsia, mas o corpo não é humano. Ele cria uma relação de coleguismo com o Dr. Van Helsing.
Monstro de Frankenstein:
O ator Rory Kinnear dá vida à criação de Victor Frankenstein e foi quando conheci ele que passei a ter nojo do doutorzinho. O monstrinho teve que aprender a viver em sociedade mesmo sem ter a menor ideia do que ele mesmo seja, e acaba encontrando um lugar pra viver, nos porões do teatro da cidade. Agora ele não quer mais ser sozinho no mundo e exige que Frankenstein crie uma noiva pra ele (já ouviu essa história em algum lugar, né?). Só que, quem seria a moça? Como fazer isso se o Doutor tá no meio da busca pela Mina? Como fazer com que Victor atenda aos seus pedidos? Esse personagem foi bem cativante pra mim, pela inocência e pela dor que ele carrega.
Dorian Gray:
O personagem criado por Oscar Wilde no romance O Retrato de Dorian Gray é vivido por Reeve Carney, um ator que era completamente desconhecido por mim até então. Dorian Gray é um jovem bonito e sedutor que vive no meio de luxúria, vícios e orgias. O ator interpreta muito bem o personagem (que é bastante complexo) e mostra o quanto o galã que, ao olhar do mundo, tem uma vida de prazer, na verdade tem uma alma melancólica e muita escuridão em si. Se você não conhece a história dele, eu indico muito a leitura. Além de ser uma figura histórica da literatura, também foi uma crítica forte que Oscar Wilde fez à sociedade da época. Na série, Dorian fica aficcionado por Vanessa Ives, mas isso não impede ele de seduzir homens e mulheres que estiverem pelo caminho. Meu personagem preferido e um ator desconhecido que tem bastante talento.
Brona Croft:
Uma imigrante irlandesa com tuberculose que começa a se relacionar com Ethan (WTF? O CARA NAMORA UMA TUBERCULOSA? SIM, ELE NAMORA). Ela foge do passado e do próprio presente, é muito melancólica, vive pensando na própria morte (que pode chegar a qualquer momento) e quando eu achei que ela ia sair de cena, percebi que ela acaba se tornando uma das personagens mais importantes. Ela é vivida pela linda Billie Piper.
O mais legal da série (fora os personagens históricos e complexos) é que o mistério é o foco principal. Não pensa que você vai começar a assistir e já ver tudo se desenrolar. Os episódios seguem uma linha lenta e enigmática, todos os personagens guardam segredos que ficam cada vez mais impossíveis de esconder, o sobrenatural bate na porta deles o tempo todo e o que vai acontecer no próximo ato nunca fica claro, até acontecer. Pra quem gosta de ver os personagens clássicos do terror sendo respeitados em suas histórias originais (vampiros sugadores de sangue que queimam no sol e lobisomens que se transformam na lua cheia e não quando bem entendem) essa é a série perfeita. Pra quem (como eu) procurava há um tempão alguma série que prendesse a atenção dos fãs de terror, Penny Dreadful é feita sob medida pra você. Eu mencionei a Eva Green? Porque, porra, a Eva Green tá maravilhosa.
O melhor de tudo é ver grandes ícones do terror juntos, com suas histórias respeitadas e um desenrolar digno do terror gótico. Na primeira temporada Penny Dreadful entrou na lista das minhas séries favoritas.
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