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HQ do dia | Original Sin #8

Nick Fury precisa impedir o Dr. Midas, Exterminatrix, Orb e os Sem-Mente de se apoderar do poder do Vigia e aooriginal sin mesmo tempo manter toda a sujeira que praticou durante seus longos anos como o guardião secreto do Universo Marvel debaixo do tapate. E precisa fazer isso tudo velho, ferido e cercado pelos maiores heróis da Terra.

Após sete edições repletas de toda sorte de esquisitices que puderam ser concebidas por Jason Aaron, o autor faz a jogada segura e não tira nenhum coelho da cartola em relação ao mistério do assassino de Uatu neste final. Esta edição trata muito mais da motivação por trás do assassinato do que de alguma reviravolta que te deixe mais confuso. Analisando bem friamente, quem matou Uatu não tinha outra alternativa que não fosse fazê-lo devido a própria natureza dos Vigias de não intervir em nada. Aaron usa isso a seu favor nos diálogos o tempo todo nesta edição e até brinca com o fato de que quando lhe convém, o Vigia faz alguma coisa além de observar.

O roteiro aqui se divide entre cenas no clímax, com bastante ação focadas em Fury e os flashbacks que de fato explicam como seu deu o crime que iniciou a trama. A divisão entre os tempos narrativos é quase que página-a-página e mesmo após a revelação da pergunta mais importante da saga o autor consegue manter o leitor focado com as repercussões do fato. O ritmo desta edição é bem veloz e temos resolução para a situação de quase todo o elenco.

Mike Deodato Jr. novamante nos entrega seu melhor: Brutalidade nas cenas de luta, intensidade nas expressões faciais muito detalhadas nos diálogos, consistência nos “group shots” com “milhões” de personagens diferentes e isso tudo num roteiro que é extremamente acelerado e cheio de cenas que precisam sem compreendidas por completo. Para um ilustrador menos experiente seria muito fácil cair em alguma armadilha do roteiro e tornar algum fato desta edição nebuloso por causa do volume de informação, história e personagens a tratar. Felizmente isso não acontece e o Brasileiro pode se orgulhar de ter fechado a saga do mesmo jeito que a iníciou: Em alto nível. Novamente o meu destaque vai para as cenas entre o Vigia e o velho Fury, nas quais o artista consegue imprimir uma carga dramática absurda nos rostos dos personagens.

Eu entendo perfeitamente que o final de Original Sin pode parecer uma decepção para muitos leitores. Afinal, o mistério depois de revelado não parece assim tão surpreendente e realmente não é. Segundo os preceitos dos mistérios clássicos, o clímax precisa de uma grande revelação para ser um clímax de uma história de crime. No entanto, particularmente encarei a última edição e a resolução da saga como um roteiro dos irmãos Coen, no qual o protagonista, por conta de uma sucessão de erros (que incluem os de seus antagonistas, aliados e principalmente dele mesmo) é colocado em uma situação na qual ele não tem alternativa a não ser fazer o impensável. É claro que em comparação com o formato clássico de histórias criminais este final sugerido por Jason Aaron tem um clímax bem menos impactante, no entanto a carga de humanidade que este tipo de abordagem carrega torna uma situação absurda como a morte de um ser como o Vigia uma história bem mais passível de acontecer do que simplesmente uma revelação de um vilão escondido que ninguém esperava. Original Sin começa sim como uma trama de mistério, mas se torna mais que isso em seu decorrer. A saga adquire tons amargos e dramáticos no final e mostra um lado feio do Universo Marvel que muita gente não gosta de ver.

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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