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Tragos, dúvidas e um sobrevivente

Era só mais um dia, mais uma hora qualquer passando, era mais ou menos uma brisa entrando pela janela, nada de novo em lugar nenhum… os mesmos comerciais na TV, o mesmo e velho suéter que minha avó me fez, eram só mais algumas coisas que só era mais alguma coisa. A monotonia e tudo que envolvia a amiga dela, o tédio estavam por aqui, estapeando a minha cara, dizendo pra eu acordar. Levanto do sofá e vou buscar qualquer coisa dentro da mente, enquanto a monotonia me abraça, minha mente frita, frita a ponto de não entender mais nada, acendo um cigarro dou três ou quatro tragadas, descanso o bendito no cinzeiro, a mente não cessa, voa de pensamentos em pensamentos sem entender muito bem o porque de tudo isso, o porque de estar assim, uma simples resposta minha mente não fornecia, olhava tudo ao meu redor e não passava de “só mais alguma coisa” diante de tantas outras.

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Levanto a bunda do sofá, saio da inércia, decido por fim tomar um banho, talvez a água quente aqueça meu corpo e esfrie a minha mente, passo a observar coisas que jamais tinha observado, é tão estranho quando prestamos atenção em certas coisas, como o simples “cair” da água de um chuveiro sobre o seu corpo, a mente finalmente para de fritar e passa a acompanhar seus estímulos de pensar como tudo aquilo funciona, as embalagens do shampoo, o jeito como é a forma de um sabonete, a cor do rejunte no estilo encardida, tudo isso é tão estranho…

Banho terminado, visto uma roupa qualquer que peguei no armário, dou um tapa no cabelo, pego as chaves do carro e saio por aí, sem rumo, apenas pra viver qualquer coisa, encontrar gente nova ou sei lá o que… sair por sair, quem nunca fez isso? O objetivo no momento era fazer a mente parar essa podia ser uma solução, quatro ou cinco voltas por aí, hoje nem a voz do GPS eu consigo aturar… eu não sei o que acontece, a mente voa, o coração apodrece um pouco mais,  o pensamento nela continua e as respostas sobre o que aconteceu conosco? O que vai acontecer? Ou as reais questões de não ter acontecido nada… é… tem tudo isso e mais um pouco. Olho no relógio e percebo que já estou andando sem rumo por 1 hora e minha mente continua na mesma merda, um semáforo a minha frente, o sinal é vermelho, para um carro em paralelo ao meu, tem um casal tão romântico, mas tão romântico que qualquer peça de Shakespeare é pouco pra tudo que eu vejo do outro lado do vidro, ás vezes é tão triste pensar que existe tudo isso, mas o “tudo isso” está lá, lá no outro carro e não no seu.

 

Sinal verde, engato a primeira, acelero, conduzo para segunda e terceira marcha, qual lugar seguir? Qual via pegar? Por qual caminho ir? Percebi que dentro de tudo que me encontro, ainda tenho todas as dúvidas, todas aquelas que eu queria esquecer quando eu resolvi sair de casa. Mais um cigarro, mais um trago, mais uma vida, mais um momento e só a esperança de que tudo isso passe e eu sobreviva um pouco mais.

 

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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