Barbara
Sakamichi no Apollon (Crianças na Ladeira) foi lançado em 12 de Abril de 2012 e tem 12 episódios. O anime já começou ganhando vários pontos comigo pelo fato de ter sido dirigido pelo mesmo diretor de Cowboy Bebop (um dos meus animes favoritos).
A história se passa na década de 60 e começa com Kaoru Nishimi subindo uma ladeira, a caminho da escola. Com essa primeira impressão, jamais eu imaginaria que uma simples ladeira pudesse transmitir e representar, implicitamente, tantos sentimentos.
Habituado a se mudar para várias cidades em um curto espaço de tempo junto com sua família, Nishimi mostra ser um garoto entediado e desiludido em relação à sua vida. Além disso, ao ser exposto a uma situação estressante, o garoto tende a ter tonturas e náuseas. Em seu primeiro dia em sua nova escola (de sua nova cidade), o adolescente demonstra tamanha irritação com as coisas à sua volta que chega a descontar até mesmo na ladeira que precisa subir para chegar até lá. Após fazer um pequeno tour pelo colégio com a aluna Ritsuko Mukae, Nishimi começa a apresentar dificuldades em ficar junto com outras pessoas em sua sala de aula, sem que fique ligeiramente nauseado em virtude do nervosismo.
Em busca de um lugar para se isolar no colégio, o adolescente esbarra com Sentaro Kawabuchi, um aluno briguento e desencanado com tudo e todos, que logo de cara arranja um apelido para Nishimi, passando a chamá-lo de “Riquinho”. O resultado desse breve encontro entre os dois traz uma mudança importante para o garoto tímido. Por algum motivo, ele já não teme mais estar no convívio de outras pessoas.
Mas, se de um lado existe um garoto introspectivo, estudioso, desmotivado e receoso, e do outro um adolescente livre, extrovertido, carismático, desleixado com os estudos e briguento, como poderia surgir uma amizade entre duas pessoas tão diferentes? Eu lhe digo: Jazz!
Nishimi toca piano clássico desde a infância, ao passo que Sentaro é um baterista apaixonado pelo jazz, que passa os dias ensaiando no porão de uma loja de discos pertencente ao pai de Ritsuko (a garota que apresentou o colégio para Nishimi e acabou se tornando a paixão a primeira vista do garoto). Com o pretexto de vê-la, o adolescente decide frequentar a loja de discos e acaba participando de um dos ensaios de Sentaro. Contrariado pelo baterista, Nishimi decide provar que tocar jazz não é tão difícil assim. Nascia, aí, uma amizade. E se você não acredita em mim, espere até ver os dois “conversando” através da música.
O enredo do anime é extremamente cativante e prende a atenção desde o primeiro episódio. Muito embora alguns conflitos principais sejam os de adolescentes comuns – como namoros e brigas infantis – tanto Nishimi quanto Sentaro possuem conflitos pessoais que surpreendem e dão um ar um pouco mais sério para o estilo do anime.
Obviamente que a história envolve outros personagens que, inclusive, interagem e influenciam diretamente no desenvolvimento dos dois principais, como a estudante Ritsuko, que forma o trio de amizade junto com os jovens músicos, o trompetista Junichi Katsuragi e o pai de Ritsuko, que ocasionalmente aparecem no porão da loja de discos para participarem de algumas sessões de jazz.
O que mais me intrigou nessa animação foi o quanto ela me afetou e mexeu comigo, sem que eu pudesse dizer com exatidão o motivo para tal. Confesso que sou suspeita pra falar, uma vez que sou amante incurável do jazz. Mas, tudo acontece nas entrelinhas em Sakamichi no Apollon. É tudo muito sutil e muito encantador. Uma ladeira pode significar muita coisa, e provavelmente o que ela significou pra mim não vai ser o que vai significar pra você (e pode ser também que não signifique nada, no final). O que você vai tirar desse anime depende de você e da sua interpretação.
A abertura me ganhou de primeira, com uma letra tão encantadora quanto a sua melodia. Inclusive, vou logo me adiantando em recomendá-la no parênteses a seguir (“Sakamichi no Melody” – YUKI).
A animação é incrível! Os movimentos dos personagens tocando os instrumentos são fiéis e precisamente desenhados. É um anime que dá gosto de assistir. Sem contar que, as referências musicais são reais e podemos ver nomes como Art Blakey and the Jazz Messengers, Bill Evans e até mesmo Os Beatles sendo mencionados pelos personagens. Músicas como “My Favorite Things” de A Noviça Rebelde são tocadas e cantadas na animação.
Sakamichi no Apollon é um anime que vale a pena conhecer e confesso que me rendeu algumas boas lágrimas em seu desfecho (apesar de eu ser uma chorona assumida). Recomendo fortemente a obra e, vai por mim, na pior das hipóteses você vai ter apreciado uma boa música.
Abaixo, o trailer:
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